Rio - À espera de um milagre. O título do filme americano retrata o drama vivido pela população dos bairros Campo Grande, Cosmos, Paciência e Santa Cruz, que aguarda pelo retorno dos ônibus do BRT. Passados pouco mais de dois meses do fim da intervenção no sistema, até agora os empresários de ônibus ainda não cumpriram as exigências deixadas pelo interventor Luiz Alfredo Salomão. Ao longo das 22 estações da Avenida Cesário de Melo, o cenário é desolador. E, até o prazo final, restam só mais 25 dias para que elas estejam prontas para receber passageiros. Caso o acordo não seja cumprido nos próximos dias, a Prefeitura do Rio pode decretar nova intervenção.
Durante o processo em que Salomão ficou à frente, foram apontadas inúmeras irregularidades nas estações da Transoeste. Em uma delas, o interventor citou que as construções do BRT foram feitas sem que houvesse análise para medidas de segurança. "São mais de 200 favelas que estão ao longo das estações. Isso pode aumentar futuramente", disse à época.
No ano passado, o ex-secretário da Casa Civil Paulo Messina (PRTB) afirmou que cinco estações do BRT Transoeste, entre Cesarão 1 e Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, foram tomadas pelo tráfico. O abandono abriu espaço para a invasão de usuários de drogas e moradores. Depredação e roubos fazem parte das reclamações dos usuários do BRT.
"Sinto muito por ter que dizer isso, mas não acredito que se faça alguma obra nas estações, em menos de 30 dias. Se não fizeram nada nesses dois meses, não vão fazer nesse prazo ainda menor. A Zona Oeste está abandonada. As pessoas não têm opção de transporte. Antes de tudo isso, a gente conseguia ir com facilidade de Campo Grande até a Barra, mas agora o cenário é outro. Não temos muitas opções e levamos horas no trânsito", reclama o aposentado Sergio Luís, morador do bairro Paciência.
O anúncio de melhoria e o retorno das estações criaram esperança aos usuários do BRT. A aposentada Eremita da Silva, moradora do Cesarão, diz que a demanda em seu bairro é muito grande. "Se o BRT voltar, vai ser um milagre. O número de passageiros é enorme. As pessoas precisam muito desse transporte. Eu, por exemplo, tenho que pegar um ônibus até Santa Cruz e depois pego o BRT para chegar à Barra. Essas estações precisam retornar".
Para a universitária Lilian Martins, a volta do BRT precisa trazer benefícios para a região. "A gente mora em uma área carente de tudo. Vai ser muito bom poder pegar novamente o BRT, mas é preciso ter segurança nessas estações. Não adianta apenas colocar em funcionamento".
Passageiros também reclamam dos ônibus que deveriam substituir os veículos do BRT. "Eles falaram que teriam outros ônibus para ajudar na falta do BRT, mas a gente não está vendo nada disso aqui", completa a universitária.
Licitação de R$ 2 milhões
Comentários