Vereadores da Câmara avaliam que, em caso de derrota, projeto deve ficar para o próximo prefeito - Estefan Radovicz
Vereadores da Câmara avaliam que, em caso de derrota, projeto deve ficar para o próximo prefeitoEstefan Radovicz
Por Anderson Justino e Waleska Borges

Rio - A Prefeitura do Rio obteve, ontem, uma vitória de peso na queda de braço com Lamsa, pela retomada da Linha Amarela. A Câmara do Rio aprovou, em segunda votação, por unanimidade, a encampação da via expressa. Foram 47 votos a 0. A partir de agora, a decisão final sobre o futuro da via está nas mãos da Justiça. Logo após a aprovação, o prefeito Marcelo Crivella comemorou, em vídeo, a votação.

Durante o pronunciamento nas redes sociais, Crivella considerou a vitória espetacular: "Não me lembro que tenhamos tido tamanha unanimidade na Câmara dos Vereadores, ao longo da sua história, a favor do povo. Com esses 47 votos, a Câmara decidiu. Autorizaram a prefeitura a encampar a Linha Amarela".

O prefeito felicitou os parlamentares pela aprovação unânime: "Quero lembrar que a metade da Linha Amarela já foi paga pela OAS, 49%. Já 51% foram pagos pelo povo do Rio de Janeiro. A OAS pagou metade, mas a explorou toda. A ideia era explorar durante 10 anos, mas já faz 22 anos. E o prazo é 40 anos", avaliou.

Na semana passada, o texto apresentado tinha sido aprovado, em primeira votação, por 43 votos a 0. O vereador Fernando William, que presidiu a CPI da Linha Amarela, alegou que o pedágio cobrado pela Lamsa é o mais caro do mundo. "É um absurdo o valor pago em um curto espaço de quilometragem que os usuários rodam. A Câmara não podia ficar de mãos atadas". A prefeitura já anunciou que, assumindo a via, cogita cobrar R$ 2,25 pelo pedágio.

Lamsa manterá operação

De acordo com a Lamsa, a decisão dos vereadores, de aprovar o projeto de lei que propôs a encampação da concessão da Linha Amarela, não se sobrepõe à liminar concedida pela Justiça, na segunda-feira. A decisão judicial suspendeu os efeitos da decisão da Prefeitura do Rio, de cancelar o contrato de concessão. Com isso foi restabelecido o direito da concessionária de cobrar pedágio de R$ 7,50 nos dois sentidos.
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Segundo a Lamsa, por determinação da Justiça, a prefeitura terá de abrir um processo administrativo específico, em que, além de assegurar à concessionária o direito de defesa, terá que pagar indenização prévia, em dinheiro. O pagamento é referente aos investimentos feitos, e ainda não amortizados, e aos lucros cessantes. Conforme a concessionária informou, a empresa manterá a operação e manutenção da via, bem como os investimentos previstos em contrato.
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Processo na Justiça pode levar anos
 
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Professor de Direito Administrativo da PUC do Rio de Janeiro, Manoel Peixinho acredita que a decisão sobre mérito caberá à Justiça, após um longo trâmite. De acordo com ele, um perito neutro deverá ser nomeado para analisar as provas antes de ser dada uma sentença.
 
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"A prefeitura disse que constatou prejuízo de R$ 1,6 bilhão no contrato com a Lamsa, mas, após o município abrir um processo administrativo, com direito à defesa da concessionária, o passo seguinte é o pagamento de indenização prévia. Como a prefeitura irá pagar uma indenização se afirma ter sofrido prejuízo?", avaliou o especialista. Para Manoel Peixinho, uma solução para o imbróglio pode levar anos: "Caso haja uma decisão a favor do município, ainda há a possibilidade de a concessionária recorrer".
 
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Transolímpica na mira
 
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No embalo da votação da Linha Amarela, os vereadores do Rio voltam, agora, suas atenções para o pedágio da Transolímpica. "Já existe uma proposta de CPI, do vereador Brizola Neto (PSOL) e estou encampando a ideia", disse o vereador Fernando William (PDT), que presidiu a CPI da Linha Amarela.
 
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A concessionária Viario, que explora a Transolímpica, foi procurada, mas não se pronunciou. A Viario é composta pela CCR (66,66% do capital); e a Invepar (33,34%) - também presente na Linha Amarela, com 100% do capital, assim como no Metrô Rio (100%), e no VLT (24,8%).
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