Subtenente dos Bombeiros acusado de matar motorista em briga de trânsito está em liberdade
Militar reformado Dallas da Silva Gomes, 53 anos, estava em uma motocicleta quando atirou em Márcio Carpintier, 50 anos, em maio deste ano. Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio dará coletiva nesta quinta-feira para apontar falhas no processo
Rio - Um subtenente reformado do Corpo de Bombeiros é acusado de matar Márcio Carpintier depois de uma briga de trânsito em Gardênia Azul, na Zona Oeste. O crime aconteceu em maio deste ano, mas a primeira audiência do caso foi marcada somente para junho de 2020. O autor do crime, Dallas da Silva Gomes, 53 anos, responde em liberdade.
O crime aconteceu na noite do dia 11 de maio, véspera do Dia das Mães, na Avenida Tenente Coronel Muniz Aragão, por volta das 21h10. A briga teria começado após Márcio fechar por duas vezes e impedir a passagem da motocicleta do acusado, uma Harley Davidson, modelo Fat Boy, conforme Dallas falou depoimento.
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Houve uma discussão e, em seguida, a vítima, que voltava de um shopping e estava em um Palio branco, foi atingido por um disparo na cabeça, que entrou pelo vidro traseiro do carro. Ele, que estava acompanhado da esposa e das duas filhas do casal, de 16 e 4 anos, perdeu a direção do veículo e atingiu um muro, morrendo ao volante.
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Familiares acusam Dallas, integrante de um motoclube, de ter agido "friamente". "Ele atirou por trás, atingiu a cabeça do meu irmão. Não foi aquele tiro no 'susto', do calor da hora, ele premeditou, esperou meu irmão sair com o carro para ir embora", diz Rosângela Carpintier. Ela também questiona o acusado estar respondendo em liberdade pelo crime. "Acho isso um absurdo. Um crime tão covarde", falou.
Em seu depoimento à polícia, Dallas não admite que atirou, mas diz que deu o tiro para o alto. Ele alega que, por Márcio 'anteriormente realizar gestos como se fosse empunhar algum objeto enquanto discutiam' e por ser uma 'área dominada por grupo de milicianos armados', sacou uma pistola calibre 380 e fez o disparo. Na época, foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do acusado para apreender a arma, que não foi encontrada.
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Em depoimento, a mulher da vítima disse eles iam a uma pizzaria na região após saírem do shopping e que a fechada foi "sem querer". Depois do ocorrido, Dallas emparelhou e fez vários xingamentos contra Márcio, que revidou os insultos. Em seguida, o veículo do marido foi seguido pelo motociclista, até que ela ouviu o disparo e percebeu que o companheiro foi baleado.
A primeira audiência de instrução só acontecerá no dia 10 de junho de 2020, mais de um ano depois do crime. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio vai conceder nesta quinta-feira uma coletiva junto com a família para questionar algumas falhas no processo e cobrar por justiça.
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Osmar Carpintier, 58 anos, disse que serão reveladas informações "impactantes" sobre a condução e personagens que conduzem o processo. "Gostaria de saber se houve interferência na investigação, a partir do momento que entrou no judiciário. Tenho minhas dúvidas", disse, sem dar detalhes do que será falado na coletiva.
Ele teme que, da como a forma que está sendo conduzido o processo que apura a morte do irmão, Dallas acabe não pagando pelo assassinato de Márcio. "Se continuar desse jeito, ele pode pegar uma pena pequena, e até ser absolvido", opinou.
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Prisão preventiva negada
O pedido de prisão de Dallas foi negado pelo juiz Alexandre Abrahão, da 3ª Vara Criminal, por achar 'excessiva' naquele momento. Entretanto, determinou medidas cautelares, como a proibição de aproximação ou contato com qualquer parente da vítima e/ou testemunha, mantendo distância superior a 500 metros delas e a proibição de se ausentar do Rio por mais de 10 dias sem autorização judicial.