Marcio Fernandes Carpinter foi morto com tiro na cabeça na frente da mulher e duas filhas após briga de trânsito - Reprodução
Marcio Fernandes Carpinter foi morto com tiro na cabeça na frente da mulher e duas filhas após briga de trânsitoReprodução
Por ADRIANO ARAÚJO
Rio - Um subtenente reformado do Corpo de Bombeiros é acusado de matar Márcio Carpintier depois de uma briga de trânsito em Gardênia Azul, na Zona Oeste. O crime aconteceu em maio deste ano, mas a primeira audiência do caso foi marcada somente para junho de 2020. O autor do crime, Dallas da Silva Gomes, 53 anos, responde em liberdade.
O crime aconteceu na noite do dia 11 de maio, véspera do Dia das Mães, na Avenida Tenente Coronel Muniz Aragão, por volta das 21h10. A briga teria começado após Márcio fechar por duas vezes e impedir a passagem da motocicleta do acusado, uma Harley Davidson, modelo Fat Boy, conforme Dallas falou depoimento.
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Houve uma discussão e, em seguida, a vítima, que voltava de um shopping e estava em um Palio branco, foi atingido por um disparo na cabeça, que entrou pelo vidro traseiro do carro. Ele, que estava acompanhado da esposa e das duas filhas do casal, de 16 e 4 anos, perdeu a direção do veículo e atingiu um muro, morrendo ao volante.
Márcio perdeu a direção do carro e bateu após ser baleado na nuca. Ele morreu na hora - Reprodução
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Familiares acusam Dallas, integrante de um motoclube, de ter agido "friamente". "Ele atirou por trás, atingiu a cabeça do meu irmão. Não foi aquele tiro no 'susto', do calor da hora, ele premeditou, esperou meu irmão sair com o carro para ir embora", diz Rosângela Carpintier. Ela também questiona o acusado estar respondendo em liberdade pelo crime. "Acho isso um absurdo. Um crime tão covarde", falou.
Em seu depoimento à polícia, Dallas não admite que atirou, mas diz que deu o tiro para o alto. Ele alega que, por Márcio 'anteriormente realizar gestos como se fosse empunhar algum objeto enquanto discutiam' e por ser uma 'área dominada por grupo de milicianos armados', sacou uma pistola calibre 380 e fez o disparo. Na época, foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do acusado para apreender a arma, que não foi encontrada.
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Em depoimento, a mulher da vítima disse eles iam a uma pizzaria na região após saírem do shopping e que a fechada foi "sem querer". Depois do ocorrido, Dallas emparelhou e fez vários xingamentos contra Márcio, que revidou os insultos. Em seguida, o veículo do marido foi seguido pelo motociclista, até que ela ouviu o disparo e percebeu que o companheiro foi baleado.
A primeira audiência de instrução só acontecerá no dia 10 de junho de 2020, mais de um ano depois do crime. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio vai conceder nesta quinta-feira uma coletiva junto com a família para questionar algumas falhas no processo e cobrar por justiça.
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Osmar Carpintier, 58 anos, disse que serão reveladas informações "impactantes" sobre a condução e personagens que conduzem o processo. "Gostaria de saber se houve interferência na investigação, a partir do momento que entrou no judiciário. Tenho minhas dúvidas", disse, sem dar detalhes do que será falado na coletiva.
Ele teme que, da como a forma que está sendo conduzido o processo que apura a morte do irmão, Dallas acabe não pagando pelo assassinato de Márcio. "Se continuar desse jeito, ele pode pegar uma pena pequena, e até ser absolvido", opinou.
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Prisão preventiva negada
O pedido de prisão de Dallas foi negado pelo juiz Alexandre Abrahão, da 3ª Vara Criminal, por achar 'excessiva' naquele momento. Entretanto, determinou medidas cautelares, como a proibição de aproximação ou contato com qualquer parente da vítima e/ou testemunha, mantendo distância superior a 500 metros delas e a proibição de se ausentar do Rio por mais de 10 dias sem autorização judicial.