Prédio do Muhcab na Gamboa já foi sede do Centro Cultural José Bonifácio, que também tratava de questões sobre cultura afro-brasileira - Secretaria Municipal de Cultura/Divulgação
Prédio do Muhcab na Gamboa já foi sede do Centro Cultural José Bonifácio, que também tratava de questões sobre cultura afro-brasileiraSecretaria Municipal de Cultura/Divulgação
Por O Dia

Rio - O Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab) foi palco, ontem, do lançamento do Disque 100, canal que recebe denúncias de casos de racismo. A Prefeitura do Rio vai instalar placas em todos os 62 equipamentos culturais da cidade com o número telefônico.

"É uma ferramenta importantíssima nestes tempos de intolerância. Não é novidade que o racismo cresceu muito, ou passou a ser mais notificado. Mas nem era para existir essa campanha, porque não deveria mais haver manifestação de racismo. Hoje, para o movimento negro, é uma data histórica", afirmou Sérgio Noronha, da Coordenadoria de Promoção da Política de Igualdade Racial.

A região portuário do Rio, conhecida como Pequena África, onde está localizado o Muhcab, é rica em histórias afro-brasileiras. No local também está o Cais do Valongo, declarado em 2017 Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, além de outros pontos importantes para o carioca entender sua identidade.

A diretora do termo de cooperação internacional com a Unesco para o Muhcab, Cristina Lodi, diz que a instituição é um importante equipamento de preservação: "Assim como a gente tem influência portuguesa na arquitetura, que a gente protege como patrimônio cultural, a gente tem a cultura afro-brasileira que também precisa ser valorizada".

Visita de reis negros e parceria estrangeira

O Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhbac) funciona desde 2017 e já recebeu a visita dos reis africanos de Ifé e Ashanti, de Gana. No ano passado, foram firmados acordos de cooperação cultural e científica com o soberano de Ifé e com o Museu da História e Cultura Afro-Americana, em Washington, nos Estados Unidos.
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Cultura de preconceito
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De acordo com Denise Barata, professora de Entomusicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o espaço é importante pelo reconhecimento do passado e para a quebra de uma cultura de preconceitos.
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"Em uma sociedade que tenta apagar suas histórias negras, os lugares de memória fazem parte de uma disputa pelo que vai ser mantido na história nacional. Espaços como esse são de acionamento da memória e de estímulo para práticas antirracistas. Essa história está se construindo no presente e se deslocando para o futuro", explicou.
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Denise Barata completa, afirmando ser preciso que as pessoas entendam a história negra e do continente africano: "Ajuda a ampliar o conhecimento sobre as várias civilizações que se constituíram naquele território e o papel fundamental ocupado pelos negros e negras neste país", concluiu Denise.
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