Barracão da Porto da Pedra e da Acadêmicos de Santa Cruz: sem dinheiro, escolas da Série A se afundam em incertezas para o CarnavalRicardo Cassiano
Por Luana Dandara
Publicado 16/11/2019 00:00 | Atualizado 17/11/2019 13:06

Em um amplo galpão na Zona Portuária, montanhas de lixo se misturam a materiais coloridos e esculturas deterioradas pelo tempo. As telhas praticamente não existem, e filhotes de cachorros brincam com baratas entre poças de água parada. A menos de cem dias do Carnaval, essa é a realidade do barracão de três escolas da Série A: Porto da Pedra, Acadêmicos de Santa Cruz e Acadêmicos de Vigário Geral, que terão que construir ali suas alegorias para brilhar na Marquês de Sapucaí.

"Sem um espaço digno e nem dinheiro, as dificuldades se tornam muito maiores. E a chuva ainda danificou o pouco que conseguimos de doações de materiais", lamenta Cahê Rodrigues, carnavalesco da Santa Cruz.

Júnior Cabeça no barracão da Porto da Pedra: cenário de abandonofotos: Ricardo Cassiano

RIOTUR BUSCA PATROCÍNIO

Apesar de ter confirmado que não fará repasse financeiro às escolas, a prefeitura informou que a Riotur busca patrocínio privado para auxiliá-las na realização dos desfiles. Enquanto o dinheiro não vem, as agremiações caminham para o suspiro derradeiro. Na terça-feira, a Renascer de Jacarepaguá anunciou a paralisação das atividades por falta de verbas.

Água parada e lixo no barracão da Renascer de JacarepaguáRicardo Cassiano/Agencia O Dia

"Se não tiver dinheiro, vou enrolar a bandeira. São 20 alas para desfilar e até agora não temos nenhuma pronta, só ferragens. Nem quando perdi o barracão em um incêndio passei por tanta crise", conta a vice-presidente da Renascer, Tatiana Mello. No barracão, não há luz e nem água, apenas chacis do último desfile e materiais doados por agremiações do Especial. 

Diretor de Carnaval da Porto da Pedra, Júnior Cabeça afirma que a realização da Série A corre riscos. "Hoje, sem subvenção ou patrocínio, não tem como ter desfile. Quem nos vê na Sapucaí nem imagina esse sufoco todo que passamos", desabafa. Ele lembra que o grupo de acesso já chegou a receber R$ 1 milhão por escola, em 2016 e 2017. Nesse último Carnaval, o valor foi de de R$ 250 mil por escola.

 

Indefinição sobre a cobrança de ingressos
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Estado tenta apoio para as escolas
Há três meses, Ruan Lira, secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, visitou os barracões da Série A e prometeu apoio. "Constatamos uma situação muito complicada. A estrutura física está totalmente inadequada, o que traz riscos para os trabalhadores do Carnaval", comentou Lira.
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De acordo com o secretário, o governo do estado está disposto a ajudar a Lierj. "Disponibilizamos estrutura jurídica e administrativa para buscar a regularização dos barracões", afirma.
A ajuda financeira, porém, depende da adesão de empresas privadas por meio da Lei do ICMS. "Primeiro, a Lierj tem que protocolar um projeto nos moldes da Lei de Incentivo à Cultura. O outro passo é a carta de patrocínio do setor privado para dar andamento. Estamos convocando as empresas para tentar ajudar", diz Ruan.
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Até que haja uma solução, as escolas seguem em situação precária. "Nosso Carnaval, que gera receita e emprego, está sendo tratado com descaso. É triste, pois sustentamos nossas famílias com ele", lamenta Gabriel Macedo, torcedor e funcionário da Renascer de Jacarepaguá.
 

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