Dois grupos de agressores foram presos nesta quinta-feira - divulgação/Polícia Civil
Dois grupos de agressores foram presos nesta quinta-feiradivulgação/Polícia Civil
Por Jenifer Alves*
Rio - Agentes da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) prenderam nesta quarta-feira, dois grupos de homens envolvidos em casos de transfobia. A primeira prisão foi de um bando acusado de agredir uma mulher transexual, dentro de um bar da Cantareira, na Zona Sul de Niterói. O caso aconteceu em 24 de fevereiro deste ano. A jovem foi alvo de chutes de cadeiradas por parte do bando após pedir um isqueiro emprestado.
De acordo com o o delegado sete pessoas foram indiciadas: Alexiano Costa Silva, Venceslau Gonçalves da Silva, Caio Portilho Pereira, Lucas Frazão Manoel, Phelippe Clemente Xavier Gonçalves e Vítor Ribeiro Ferreira pelas lesões corporais. O último acusado foi identificado como Roberto Ramalho Gomes Correia da Silva e irá responder por tentativa de homicídio, uma vez que ele assumiu o risco de matar a vítima ao acertar uma cadeirada na cabeça da jovem quando ela já estava caída ao chão.
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A vítima, Lua Guerreiro, publicou em suas redes sociais um vídeo logo após o ocorrido relatando as agressões. Na legenda, a jovem explica que procurou ajuda de policiais que estavam na região e precisou dividir o mesmo espaço da delegacia com os agressores: "Tive que ficar ao lado de alguns dos meus agressores, intactos, rindo, descontraídos enquanto eu e minhas amigas - traumatizadas, sujas do meu sangue pelo corpo inteiro - sentávamos lá esperando por horas pra prestar nosso depoimento", desabafou.
A segunda prisão realizada pela Decradi, foi a de um bando que agrediu duas mulheres trans, no dia 28 de junho, também na Cantareira. As jovens deixavam uma festa LGBT quando três homens as abordaram e as espancaram. Uma das vítimas chegou a perder a consciência por conta dos golpes. Os autores do crime foram identificados Caio Portilho Pereira, Lucas Frazão Manoel e Roberto Ramalho Gomes Correia da Silva e foram indiciados.
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O delegado titular da unidade, o doutor Gilbert Stivanelo, explica que este tipo de agressores começam com delitos menores e continuam ocorrendo em uma progressão podem chegar a cometer homicídios contra pessoas transexuais. "Pessoas que cogitam fazer algum ataque do tipo precisam ver que nós não vamos compactuar com esse tipo de ação. Prisões como essa passam um recado para que isso seja freado", disse.
Brasil país que mais mata transexuais
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Em um estudo realizado pela ONG Transgender Europe (TGEu), em novembro de 2016, é possível identificar o Brasil como o país menos seguro para pessoas transexuais. Os dados foram colhidos entre janeiro de 2008 e junho de 2016 mostram o número de 866 mortes de trans no país. Na América Latina, o Brasil fica atrás apenas da Colômbia quando se trata dessa estimativa.
*Estagiária sob a supervisão de Gustavo Ribeiro