O funcionário Jorge Luis da Silva recebeu, ontem, doação de cesta básica:
O funcionário Jorge Luis da Silva recebeu, ontem, doação de cesta básica: "Isso é uma humilhação"Luciano Belford/Agência O Dia
Por Lucas Cardoso e Juliana Pimenta

Rio - Os sindicatos dos profissionais das 11 OSs que administram as 225 unidades de saúde do Rio esperam que os atrasos dos pagamentos sejam solucionados na quinta-feira. A informação foi dada, neste sábado, pelo advogado dos trabalhadores das organizações, José Carlos Nunes. Segundo ele, as pendências de outubro, novembro, décimo terceiro e dívidas trabalhistas, que totalizam mais de R$ 300 milhões, podem ser cobertas pelo valor arrestado pela Justiça, no dia 5. A prefeitura não confirma data para pagamento.

"Está marcada uma audiência para a terça-feira, no Tribunal Regional do Trabalho, que vai definir essa liberação. Acredito que, na quinta, o valor esteja liberado", explica José Carlos.

Segundo o advogado, no momento, há dez mil funcionários da saúde sem receber e 210 clínicas de primeiro atendimento fechadas.

Sem pagamento, o segurança do hospital Albert Schweitzer Jorge Luis da Silva, de 46 anos, foi ontem à unidade de saúde recolher uma cesta básica de doação. "Isso é uma vergonha, uma humilhação. Eu sou um pai de família, trabalhador. Minha netinha fez aniversário e eu não tinha dinheiro nem para comprar um bolinho para ela", lamentou Jorge, que tem procurado alternativas para fugir da crise: "Cheguei a pensar em vender água no sinal".

Conforme o site da Secretaria Municipal de Saúde, os hospitais municipais Lourenço Jorge, Evandro Freire e Salgado Filho têm plantonistas atendendo hoje. Albert Shweitzer, Pedro II, Rocha Faria e Miguel Couto não informaram lista de profissionais.

Segundo a prefeitura, as unidades de urgência e emergência estão funcionando. Já as Clínicas da Família mantêm prioridade para casos mais graves. Pacientes com consultas e exames agendados, terão atendimento remarcado.

Pouca demanda nos hospitais

Mesmo com a paralisação de 70% do quadro de profissionais, o serviço nas unidades de urgência e emergência do município acontecia, ontem, sem transtornos. No Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, os pacientes eram atendidos em pouco tempo. "Eu sofri corte profundo no pé. Fui logo atendido e, em menos de 30 minutos, liberado", contou Clelio Carvalho, 53 anos.
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Funcionárias do hospital, que não quiseram se identificar, confirmaram o reduzido efetivo de profissionais, e atribuíram o fluxo adequado de atendimento à baixa demanda da população. "Está muito tranquilo hoje (ontem). As pessoas não devem estar vindo por medo de não conseguirem atendimento. O quadro de funcionários está bem reduzido, mas estamos conseguindo dar conta", comentou uma enfermeira.
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Ontem, a situação era a mesma no Salgado Filho, no Méier. Pauline Ribeiro, 34 anos, está desde quinta-feira com a sogra internada no hospital. "Ela está com uma infecção. Não é nada grave, mas decidiram internar. Mesmo com a greve tenho visto tudo funcionando", relatou. No Souza Aguiar, no Centro, no entanto, Silvia Pires contou que teve que esperar três horas para ser atendida.
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