Igreja lotou para reunião da associação de moradores de PaquetáReprodução
Por GUSTAVO RIBEIRO
Publicado 27/12/2019 13:35 | Atualizado 27/12/2019 13:56
Rio - O presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Dionísio Lins, notificou a CCR Barcas, nesta sexta-feira, cobrando explicações sobre os motivos que levaram a concessionária a alterar a grade de viagens sem aviso prévio à agência reguladora (Agetransp) e sem consultar os passageiros. Ele também vai pedir um parecer da Promotoria do Governo do Estado sobre a decisão da concessionária.
A comissão está preocupada com os transtornos que serão gerados aos usuários. A CCR divulgou, no início da semana, que as linhas da Ilha de Paquetá e Cocotá (Ilha do Governador) terão seus horários modificados a partir do dia 30 de dezembro. Já a linha que liga a Praça Arariboia, em Niterói, ao Centro do Rio, será alterada a partir de 2 de janeiro. O único meio de transporte para se chegar e sair da Ilha de Paquetá são as barcas.
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"Essas mudanças vão atingir diretamente aos usuários que já tem seu dia-a-dia programado dentro dos horários existentes para irem ao trabalho, escola e tratamentos médicos. Queremos saber se foi realizado algum tipo de estudo técnico sobre o impacto que essa decisão causaria aos usuários e, caso afirmativo, que ele seja apresentado. Para se ter uma idaia, a barca de 8h que faz a linha Cocotá x Praça 15 transporta diariamente, nesse horário, cerca de 600 pessoas. Isso sem falar dos moradores de Paquetá, que têm nas barcas seu único meio de locomoção. Isso é uma verdadeira covardia!", comentou Dionísio Lins.
No caso da linha Praça 15-Paquetá, como O DIA vem mostrando desde quinta-feira, 14 viagens serão extintas do trajeto. Além disso, quem mora ou trabalha em Paquetá será obrigado a fazer escala em Cocotá nos horários de pico, de manhã e no fim da tarde, nos dias úteis. Essa baldeação aumentará o tempo de viagem, que hoje é de 50 minutos, para 1h40. Em relação à linha da Praça Arariboia, os intervalos serão ampliados de 10 minutos para 15 minutos em horários de pico, também nos dias úteis: das 6h30 às 10h10 (Arariboia-Praça 15) e das 16h30 às 20h10 (Praça 15-Arariboia).
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Dionísio lembra que, devido ao recesso parlamentar, fica impedido de antecipar a audiência pública que está deliberada para a primeira semana de fevereiro. A audiência tem o objetivo de cobrar um ajuste de conduta da concessionária para um melhor aproveitamento dos horários aos usuários dessas linhas, bem como melhoria na qualidade do meio de transporte. Ele vai cobrar ainda o uso de embarcações de menor porte nos horários onde o número de usuários é reduzido, evitando, assim, que a empresa possa alegar que tem um custo muito alto para transporte nesses horários.
"Sinceramente, não entendi essa posição da direção da CCR Barcas. Sabemos que o estado, assim como o país, atravessa um momento delicado em suas finanças, mas chega de querer levar vantagem sobre uma população que normalmente viaja em embarcações sujas e sem segurança", disse o deputado.
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CCR retira novos horários do site
A três dias da data prevista para o início dos novos horários, a CCR Barcas removeu de sua página na internet os novos horários, divulgados no início desta semana. O DIA questionou à empresa se voltou atrás da decisão sobre as alterações na grade e aguarda resposta. A Agetransp informou, na quinta-feira, que ainda não havia sido notificada pela Justiça sobre os novos horários e que foi notificada apenas pela CCR na quarta-feira. A agência reguladora afirmou que, caso não seja notificada pelo Poder Judiciário até a implantação da nova grade, a CCR poderá ser multada. Isso porque a concessionária alega que teve respaldo judicial para fazer as alterações.
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Reunião de moradores lota igreja em Paquetá
Mais de 500 moradores de Paquetá se reuniram, na noite desta quinta-feira (26), na Paróquia Bom Jesus do Monte, localizada no bairro. O motivo do encontro foi discutir medidas que serão tomadas pela associação de moradores Morena para pressionar a revogação das mudanças impostas pela CCR. A reunião seria realizada no salão paroquial, mas o espaço foi insuficiente para abrigar todos os presentes. Por isso, o padre responsável pelo local convidou os moradores a se reunir no interior da paróquia.
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Ficou decidido, na reunião, que a associação de moradores e voluntários irão ao Plantão Judiciário do Ministério Público, no próximo domingo (29), dar entrada em um pedido de liminar contra a mudança de horários. Um grande ato público será realizado no mesmo dia, na Praça Pedro Bruno, em Paquetá, às 11h.