Desfiles dos blocos Simpatia é Quase Amor e da Banda de Ipanema permanecem em seus horários tradicionais - Agência O Dia
Desfiles dos blocos Simpatia é Quase Amor e da Banda de Ipanema permanecem em seus horários tradicionaisAgência O Dia
Por GABRIEL SOBREIRA e PALOMA SAVEDRA

Rio - "Haverá desfile, mesmo sem policiamento", avisa Rita Fernandes, presidente da Sebastiana (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua do Rio), que inclui, entre outros, o 'Simpatia É Quase Amor'. A medida é uma resposta à decisão da Prefeitura do Rio de mudar o horário de desfile dos blocos 'Simpatia' e 'Banda de Ipanema', ambos na Zona Sul, para as 7h, simultaneamente à saída dos megablocos, no Centro. Já o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema, Carlos Monjardim, critica a recusa das agremiações em cumprir a ordem.

Ele, que também preside a Associação Comercial de Ipanema, disse que as entidades vão deixar comunicados nos condomínios da região para que, se houver danos nos dias dos desfiles, os moradores registrem os casos na delegacia. Monjardim admitiu ainda a possibilidade de entrar com ação para responsabilizar os gestores dos blocos.

Rita Fernandes, por sua vez, diz que a decisão da prefeitura é "descabida". "A gente pretende desfilar no nosso horário, que é às 16h, tanto em 15 de fevereiro quanto no dia 23", destaca.

"A Riotur decidiu fazer uma abertura oficial de Carnaval, em que deu tudo errado e, agora, querem penalizar a gente. Uma coisa é o prefeito tomar medidas em relação aos blocos com shows de artistas, que podem dar problema, multidão. Outro é com blocos tradicionais, como o 'Simpatia', que desfila há 36 anos; e a 'Banda', de 56 anos, que nunca deram nenhum tipo de problema", argumenta.

Para Rita, é difícil entender o posicionamento da prefeitura, uma vez que, desde maio de 2019, a Sebastiana trabalha com o Ministério Público e todos os órgãos ligados ao Carnaval: "Temos autorização definitiva da Riotur para o 'Simpatia'".

A prefeitura justifica a decisão como forma de evitar a migração de foliões. Mas Rita contesta: "É uma análise equivocada. Os foliões não necessariamente saem de um bloco e vão para outro. E mesmo que houvesse migração, ela não é predatória. O 'Simpatia' não enche mais ou menos por causa disso. Tem um público fixo há anos", avalia, estimando 150 mil pessoas no primeiro desfile. E, no segundo dia, no máximo, 200 mil pessoas.

Síndicos em alerta

O posicionamento das associações de moradores e comercial, além do Viva Ipanema, foi discutido em uma reunião na tarde deste sábado. Carlos Monjardim ressaltou que, por enquanto, não há o que fazer — como acionar a Justiça, por exemplo — tendo em vista que qualquer problema só vai se configurar na hipótese de as agremiações descumprirem a decisão da prefeitura.

"Se houver danos a patrimônio, como nos condomínios, canteiros dos prédios e carros estacionados do lado de fora dos edifícios que não têm estacionamento, vamos entrar com ação civil pública para responsabilizar gestores dos blocos nas suas pessoas físicas, assim como a Sebastiana".
Publicidade
Monjardim destacou que as associações vão orientar que os síndicos dos edifícios, além dos seus moradores, registrem na 14ª DP (Leblon) eventuais danos.
Publicidade
 
Publicidade
Rita Fernandes, porém, ponderou que a ordem do governo não tem estudo técnico: "Essa decisão intempestiva do prefeito e do presidente da Riotur não se justificam. Tinha que estar prevista nas análises, previamente. Parece retaliação, decisão tomada sem nenhum estudo. Aí, a gente não vai aceitar", decreta Rita.

Riotur: planejamento foi cuidadoso

Procurada, a Riotur diz que a mudança atende à solicitação de moradores da Zona Sul, pedindo que a prefeitura tivesse uma atenção especial aos blocos que desfilam na área.

"Tivemos o cuidado de não fazer nenhum remanejamento dos blocos que têm raízes nesses bairros, e que hoje já arrastam multidões, e solicitamos apenas uma mudança de horário. Reiteramos que não existirá megabloco na Zona Sul. Novamente, os megablocos estarão concentrados no Centro", afirma a Riotur, em nota.

"Essas mudanças envolvem menos de 1% dos 543 desfiles cadastrados, o que significa que não há grandes intervenções na festa. O planejamento desenvolvido ao longo do ano de 2019 foi cuidadoso e bem projetado", acrescenta.

Você pode gostar
Comentários