'Quando a gente abre a torneira, vem aquele cheiro podre, que dá nojo. Nem parece água, está mais para esgoto'. O relato da estudante de Serviço Social Jaqueline Leocadio, de 37 anos, moradora de Paciência, na Zona Oeste da cidade, traduz o problema enfrentado por moradores de pelo menos outros dez bairros cariocas.
Desde a última semana, ao abrirem a torneira, uns se depararam com água barrenta, outros com água escura ou amarelada. "Quem tem condições, compra (água mineral). Quem não tem, ferve a suja. A gente precisa de ajuda, e a Cedae tem que resolver", pede Jaqueline.
A equipe de O DIA percorreu a cidade e constatou que o problema atinge, sobretudo, Campo Grande, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Santa Cruz, Pedra de Guaratiba, Jacarepaguá, Costa Barros, Anchieta, Paciência, Piedade e Brás de Pina. Juntos, os bairros somam 1,1 milhão de moradores, segundo o IBGE de 2010.
Apesar de ter se agravado na última semana, alguns moradores contam que o problema não é de agora. A péssima qualidade da água que vem chegando à torneira dos cariocas deixou as duas filhas da copeira Raquel Alves, 32, doentes. Depois de beber a água, as meninas sofreram com dores de barriga e febre. A família vive em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste.
"O gosto da água não mudou, mas quando abrimos a torneira, vem com uma espuma e amarela. As minhas filhas, de 7 e 12 anos, ficaram doentes. Nos primeiros dias do problema, comprei água mineral. Mas não dá para ficar comprando sempre. Passei a ferver a água da torneira antes de usar", explica Raquel.
*Estagiária sob supervisão de Maria Luisa de Melo
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