Estátua de Carlos Drummond de Andrade: monitoramento 24h por dia - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Estátua de Carlos Drummond de Andrade: monitoramento 24h por diaEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Anderson Justino

Nem mesmo David Copperfield, um dos maiores ilusionistas do mundo, seria capaz de explicar como objetos de grande porte desaparecem de uma hora para outra no Rio. Após os misteriosos sumiços das vigas do Elevado da Perimetral, em 2013, e de três toneladas de bronze que compõem a estátua de General Osório, na Praça XV, em 2014, foi a vez da escultura de Dona Rosa Paulina da Fonseca, mãe do primeiro presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, sumir da noite para o dia, na Glória. O furto, por sinal, foi o segundo do ano e expõe a fragilidade da cidade em preservar sua história. Em 2019, oito obras foram furtadas.

Fundador da SOS Monumentos, Marconi Andrade diz que por diversas vezes denunciou às autoridades o desaparecimento das peças do local. "A gente vinha denunciando os sumiços há tempos. É incrível como deixam nossa história se apagar de uma forma tão trágica. Se, por acaso, não fizeram nada, a tendência é piorar", reclama Andrade.

Ontem, representantes da Gerência de Monumentos e Chafarizes do Rio, vinculada à Secretaria de Conservação, estiveram na 9ª DP (Catete) para registrar o furto. Segundo a Polícia Civil, serão analisadas imagens das câmeras de segurança para tentar identificar possíveis responsáveis.

A Gerência de Monumentos e Chafarizes cuida de 1.371 monumentos — bustos, esculturas, estátuas, relógios e chafarizes. Para manter as peças, são investidos anualmente R$ 900 mil na manutenção. "No caso de vandalismo ou furto, como da mãe do Marechal, é necessário fazer o levantamento orçamentário, depois uma licitação para que seja confeccionada uma nova escultura e feita a reposição", informou a gerência, em nota.

Pedestais vazios e buracos no chão
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Esse tipo de roubo degrada a cidade. As praças perdem seu charme e o povo, seu patrimônio. O Passeio Público, no Centro, está com peças importantes sumindo gradativamente. Na Glória, a Praça do Russel também sofre. O monumento em homenagem a São Francisco de Assis e Santa Clara teve suas placas furtadas. No mesmo espaço, a escultura 'O escoteiro' foi levada em 2019.
Na Praia de Copacabana, a estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade, diversas vezes, teve seus óculos roubados. Hoje, ela é monitorada 24 horas pela Guarda Municipal. Em Vila Isabel, a estátua do compositor Noel Rosa sendo atendido por um garçom também desapareceu.
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De acordo com a Cedae, em 2019, foram substituídos 3.345 hidrômetros furtados na capital - uma média de nove por dia. Este ano, já foram 393 casos. Agora, os registros de metal estão sendo substituídos por peças plásticas. A empresa ainda informou que houve cerca de 70 furtos de tampões de esgoto no ano passado.
Um dos casos mais emblemáticos é o sumiço das vigas da Perimetral, na Zona Portuária, em 2013. Eram seis vigas, com cerca de 20 toneladas cada e, juntas, valiam por volta de R$ 14 milhões. Até hoje, ninguém sabe, ninguém viu.
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Cobre: objeto de desejo de criminosos
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O cobre é um dos metais mais furtados no Rio. O interesse pelo material se deve à facilidade de revenda em ferros-velhos. Mas se engana quem pensa que só as estátuas estão na mira dos criminosos.
Em 2019, a SuperVia registrou 111 furtos de cabos de energia e sinalização. A concessionária gasta cerca de R$ 6 milhões por ano em manutenção. "Mais do que prejuízos, a retirada provoca inúmeros transtornos aos passageiros, desde atrasos até a interrupção temporária do tráfego", informou.
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