Atingido por dois tiros, Vitor ficou paraplégico e teve perna amputada - Reprodução
Atingido por dois tiros, Vitor ficou paraplégico e teve perna amputadaReprodução
Por Waleska Borges
Rio - O soldado Diego Neitzke, acusado de deixar paraplégico o morador do Complexo da Maré, na Zona Norte, Vitor Santiago Borges, de 34 anos, foi absolvido nesta terça-feira pela Justiça Militar. Vitor foi atingido por seis tiros de fuzil no carro onde estava durante operação da Força de Pacificação, em 2015. As tropas ocuparam o conjunto de favelas de abril de 2014 a junho de 2015.
O promotor do Ministério Público Militar, Otávio Bravo, pediu a absolvição de Diego. Para ele, o erro do militar pode ser perdoado. "Se eu pedir a condenação do soldado, vou está dizendo que o fracasso da nossa política de segurança é dele, que ele que errou.”, disse o promotor. A votação considerou extinta a punibilidade, com base no Código de Processo Penal Militar.
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"Esse resultado é um absurdo. O promotor falou sobre injustiça, mas  e quanto a minha justiça? Hoje, estou sobre uma cadeira de rodas. O que aconteceu comigo foi tratado pelos militares como algo corriqueiro. Estou completamente perplexo. Tiraram das costas dele (o soldado) um piano", desabafou o Vitor.
Atualmente, a vítima ainda aguarda a sentença sobre sua ação indenizatória contra a União: "O processo de reparação ainda está seguindo na Justiça, mas nenhum dinheiro vai trazer de volta a minha liberdade de ir e vir".
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No dia da ação militar, Vitor estava no carro com outros quatro rapazes. Os militares dizem que eles furaram o bloqueio. A vítima, porém, não se lembra deste momento. Em depoimento, o soldado alegou que mirou nos pneus do veículo.
Mesmo depois da tragédia, Vitor ainda mora no Complexo da Maré. Atualmente, ele se locomove em uma cadeira de rodas. Ele foi atingido por dois tiros: um pegou na coluna, deixando-o paraplégico, e o outro atingiu a perna direita e saiu na esquerda, resultando em sua amputação.