Por O Dia

O segundo dia de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí começou com uma chuva fina, que logo passou, e lavou o chão para a São Clemente trazer toda sua irreverência e crítica já na comissão de frente, onde a santa era disputada por vigários. "O Conto do Vigário", do carnavalesco Jorge Silveira, revisita a história do Brasil, contando malandragens e trambiques que ficaram famosos desde o período colonial do país.

Entre os Contos do Vigário, quem não se lembra do bilhete premiado da loteria? E do terreno "baratinho", que nada mais era que um pedaço de terra no cemitério? Da venda de terrenos na lua, passando por políticos sem escrúpulos e até a má fé de religiosos, nada escapou.

E já nos primeiros 30 minutos do deslie da Escola da Zona Sul do Rio, uma ala lotada de D. João VI e sua famosa coxinha de galinha. Dizem os historiadores que, glutão, D. João escondia a guloseima no bolso. Ou seria esse mais um conto do vigário?

Chegando ao Brasil moderno - aliás, muito atual - a escola trouxe as vigarices tecnológicas, como os golpes passados pelas redes sociais e as fake news. E para representar essa vigarice a agremiação trouxe uma bateria vestida de laranja. Em trechos da letra, o samba da escola diz: "Tem laranja, o país inteiro assim sambou e caiu na fake news!".

Os ritmistas comandados pelo mestre Caliquinho cruzaram a Avenida representando o laranjal da política brasileira.

O humorista Marcelo Adnet, um dos compositores do samba da São Clemente deste ano, desfilou no quinto carro alegórico caracterizado como o presidente Jair Bolsonaro. No carro, Adnet fazia flexão bem ao estilo presidencial e jogava laranjas de pelúcia ao público, que ria e aplaudia. Destaques como palhaços vestidos com camisas da Seleção levantavam as mensagens "acabou a mamata" e "a Terra é plana", "A culpa é do Di Caprio" e outros "contos" que nem são tão de Vigário assim...

Além da São Clemente, a Marquês de Sapucaí recebeu a Vila Isabel, que homenageou os 60 anos de Brasília, com uma lenda indígena no enredo "Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil", do carnavalesco Edson Pereira. Nessa lenda, a capital federal nasce para levar esperança aos povos da terra, onde vive o indiozinho Brasil. Uma profusão de cores, principalmente o verde, amarelo e azul, foram marcantes na agremiação. A ala das baianas merece destaque: a alma da escola, como são chamadas as baianas, vieram com uma belíssima fantasia com franjas em contas e saia com bananas. Todas estavam maquiadas com o tribal indígena e de tranças.

Também desfilaram ontem no Sambódromo o Salgueiro, a Mocidade, a Unidos da Tijuca e a Beija-Flor.

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