Martha Rodrigues, moradora de Ponte Coberta, Paracambi: 'Quando chove, o esgoto entra nas nossas casas' Cléber Mendes
Por Bernardo Costa
Publicado 10/03/2020 03:00 | Atualizado 12/03/2020 17:06

Não se vê esgoto a céu aberto no bairro Ponte Coberta, em Paracambi. Porém, a infraestrutura de saneamento básico é incompleta, e as galerias subterrâneas deságuam no córrego que margeia as casas na parte baixa. Destino final: as águas do Rio Guandu. Ponte Coberta é uma das 40 áreas que estão recebendo visitas de técnicos do projeto 'Saneamento Rural', que, coordenados pelo Comitê Guandu-RJ, irão elaborar planos de obras para tratamento de esgoto dessas regiões, onde estão os afluentes que formam o Rio Guandu.

Na praça de Ponte Coberta, a rede de coleta subterrânea passa ao lado do muro da escola. A diretora da unidade, Inaércia Carvalho de Souza, de 62 anos, conta que as obras foram feitas na época da reinauguração do colégio, em 1989. "Funciona bem, nunca vi o esgoto dar retorno aqui, nem quando chove", conta.

Inaércia Carvalho (à esq.), diretora da Diretora da Escola Municipal Ponte Coberta. Foto: Cleber Mendes/Agência O DiaCléber Mendes

O material, no entanto, é despejado in natura no curso d'água a alguns metros de distância. Ele fica nos fundos da casa de Martha Rodrigues, de 59 anos. Além do mau cheiro, mosquitos e ratos trazem problemas para a moradora. "O esgoto todo das ruas lá de cima passa por aqui e vai para o Guandu. Quando chove, o córrego enche e entra nas nossas casas. É perigoso, fico com medo", diz Martha.

Engenheiro ambiental da Profill, empresa contratada para realizar o diagnóstico nas áreas rurais, Filipe Teske conta que não foi possível confirmar infraestrutura para tratamento de esgoto em Ponte Coberta. "A solução é incompleta. Há a coleta, mas o caminho natural de descarte acaba sendo o córrego, que vai impactar na água do Guandu", diz.

Segundo a Prefeitura de Paracambi, as obras em Ponte Coberta não contemplaram tratamento de esgoto por se tratar de área rural. "O programa de melhoria só atendia a malha urbana. Assim que o edital foi aberto também para a área rural, a prefeitura solicitou ao Comitê Guandu que o programa de saneamento rural atendesse a localidade", disse a prefeitura, por e-mail.

Obras causam danos na rede de coleta
Aílton Antunes (de verde) e Isaías Nascimento sofrem com esgoto despejado diretamente de um cano (detalhe), causando erosão e contaminação em Ponte Coberta, em ParacambiCléber Mendes
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'Quase 100% das áreas não têm solução adequada'
Estrada Eduardo Dias Pereira Júnior, a principal de Ponte Coberta, em ParacambiCléber Mendes
O projeto Saneamento Rural já visitou 11 municípios. O engenheiro ambiental Filipe Teske, da Profill, é um dos técnicos que estão participando das vistorias.
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Qual é o cenário que estão encontrando?
De uma forma geral, estamos verificando que quase 100% das áreas não têm uma solução de tratamento de esgoto implantada. Já o abastecimento de água para consumo humano varia: há locais atendidos pela Cedae e outros em que moradores usam poços artesianos ou poços-cacimba, escavados de forma manual.
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Quando não há tratamento de esgoto, qual é a solução?
Fossa rudimentar, com buracos no chão. O dano é que acaba contaminando o solo e o lençol freático.
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Em que fase está o projeto?
Estamos na terceira rodada de visitas para diagnóstico. Quando terminarmos essa etapa, vamos elaborar os relatórios com planos de obras para as prefeituras.

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