Waldir Ramos, o garçom mais antigo da Casa Cavé, mostra algumas tentações da confeitaria
 - fotos Cléber Mendes
Waldir Ramos, o garçom mais antigo da Casa Cavé, mostra algumas tentações da confeitaria fotos Cléber Mendes
Por Luana Dandara

Juntas, elas acumulam 397 anos da mais pura gula. A Casa Cavé, a Confeitaria Colombo e o restaurante Leiteria Mineira, localizados no Centro do Rio, são verdadeiras relíquias gastronômicas da cidade. Cheias de delícias, histórias e visitantes ilustres, as casas resistiram ao tempo e mantêm a tradição do Rio Antigo.

A Cavé, por exemplo, completa, hoje, 160 anos e se consolida como a mais antiga confeitaria carioca. Embora tenha sido fundada por um francês e lembre os cafés parisienses, os destaques do cardápio sempre foram os doces portugueses. Para atrair o público, passou a oferecer também almoço executivo.

Entre os destaques saborosos estão pastéis de Belém; toucinhos do céu, feitos de amêndoas; e o Dom Rodrigo, com fios de ovos e canela. A face portuguesa se reflete também na decoração. Além do painel de azulejos com a Torre de Belém, o local é enfeitado com lenços portugueses.

Um dos garçons mais antigos da Cavé, Waldir Ramos, de 82 anos, conta que já serviu a Carlos Drummond, Nelson Rodrigues e Dercy Gonçalves por lá. "Fazendo o que gosta, não é sacrífico nenhum. Enquanto eu não estiver pesando os colegas, o patrão ou os clientes, quero continuar. A clientela é maravilhosa", diz Seu Waldir. "Em 1984, Drummond esqueceu um guarda-chuva aqui comigo. Não voltou para pegar, então guardei com muito carinho", lembra ele.

Localizado na Rua Sete de Setembro, nos números 133 e 137, o estabelecimento produz cerca de mil doces por dia e quer continuar adocicando gerações cariocas.

 

Almoço mineiro e caseiro
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Na Leiteria Mineira, inaugurada em 1909, o carro-chefe é o almoço com gostinho caseiro. Fundada por um fazendeiro mineiro, vendia laticínios na porta, daí o nome. No cardápio, com 150 opções, o leite ainda é muito utilizado, como no mingau. "Outros pratos pedidos são fígado e canja. O cardápio mudou pouquíssimo", destaca o sócio João Alberto. As mesas e cadeiras também são as mesmas de 1932, quando a casa se fixou na Rua da Ajuda 35.
O advogado Eduardo Loureiro, 74 anos, frequenta há 41 a Leiteria. "A comida vem fresquinha", elogia. Entre os clientes famosos, o escritor José Saramago foi um dos que se deliciou com os prazeres à mesa do restaurante.
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Reis, escritores e estrelas
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A Confeitaria Colombo, por sua vez, nem precisa de apresentação. Com 126 anos de fundação, sempre foi bem frequentada: por lá já passaram célebres clientes, como o rei Alberto I, da Bélgica; os escritores Machado de Assis e Olavo Bilac; e o maestro Heitor Villa-Lobos. Os números também impressionam. A Colombo recebe cerca de 1.100 pessoas por dia na sede, na Rua Gonçalves Dias 32. Diariamente são produzidos 150 bombas de chocolate, 450 coxinhas, entre outras delícias.
Orlando Duque, de 83 anos, trabalha há 67 anos na confeitaria e conta que serviu a diferentes presidentes e artistas. A atriz Sophia Loren foi uma delas. "Isso aqui me dá vida", diz.
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