A tradicional sede do America Football Club, na rua Campos Sales, na Tijuca, Zona Norte do Rio, fechada desde julho de 2014, dará lugar a um shopping center e a nova matriz social do clube será construída na cobertura do Parque Shopping America, nome oficial do empreendimento.    - fotos Estefan Radovicz
A tradicional sede do America Football Club, na rua Campos Sales, na Tijuca, Zona Norte do Rio, fechada desde julho de 2014, dará lugar a um shopping center e a nova matriz social do clube será construída na cobertura do Parque Shopping America, nome oficial do empreendimento. fotos Estefan Radovicz
Por Bernardo Costa

A construção de um shopping no terreno do América Football Club, na Tijuca, pode ser o começo de uma nova era para o tradicional clube carioca. Segundo Léo Almada, presidente do Alto Conselho do América, a proposta do empreendimento partiu da própria direção, numa tentativa de resolver problemas financeiros e manter viva a história do Mequinha, que vai ocupar um espaço de 10 mil m² na cobertura do futuro centro de compras — a inauguração está prevista para abril de 2021.

"Será a nova sede do América com um shopping embaixo. Não vamos ceder um milímetro do nosso espaço. Os investidores vão explorar o empreendimento e destinar uma porcentagem ao clube. Poderá ser o retorno do América à elite do futebol", avisa Almada.

Segundo a AM Malls, empresa que irá administrar o shopping, o espaço da nova sede do América vai abrigar duas piscinas, quadra poliesportiva e de tênis, e espaços para a prática de artes marciais e squash. Haverá ainda salão de festa, salão nobre e área administrativa.

Segundo Antonio Mamede, CEO da AM Malls, o empreendimento Parque Shopping América terá um total de 212 lojas. "A entrada do clube será independente. Até o momento, temos comprometidos 18,5 mil m² de área bruta locável de um total de 28,5 mil m²", explica.

Para Emilton Rocha, síndico de um prédio que fica em frente ao clube, a chegada do shopping deverá ser positiva. "Creio que teremos maior segurança e melhorias na infraestrutura na região", vislumbra.

Ontem, a corretora Ana Paula Ferreira, de 37 anos, circulava na região na tentativa de captar imóveis para a venda. "Os imóveis vão valorizar em até 90%. Se quiserem comprar, comprem agora, porque os preços vão subir muito após a inauguração do shopping".

 

Tradicional clube desperta saudosismo em moradores
Outdoor do antigo Teatro Max Nunes: o ator Limachem Cherem lembra que peças infantis lotavam
Outdoor do antigo Teatro Max Nunes: o ator Limachem Cherem lembra que peças infantis lotavamArquivo Pessoal
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As atividades do América Football Club foram suspensas na sede da Rua Campos Sales em 2014, após 103 anos de utilização do espaço. A demolição das estruturas, que teve início em outubro de 2019, foram retomadas em janeiro deste ano após briga judicial para a retirada de uma academia e um estacionamento que ocupavam o local como locatários. Para os moradores mais antigos, o barulho das máquinas desperta saudosismo.
"O clube vai deixar saudades. Os bailes de dança de salão, às quartas-feiras, eram imperdíveis. Se as atividades culturais voltarem no novo espaço, vou entrar de sócio novamente", avisa Maria Izolina, de 68 anos, que mora em frente à antiga sede do América.
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Para ela, outro pesar foi o fim do Teatro Max Nunes, que funcionava no América. "Eu adorava as peças kardecistas. Ficava uma fila enorme", lembra Izolina.
O ator e diretor Limachem Cherem foi um dos últimos artistas a encenar uma peça no local. O espetáculo 'Grito no Andaime' ficou em cartaz no ano de 2012. "As peças infantis eram tradicionais. Todos lotavam. Tínhamos público grande e fiel", recorda.
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Segundo Léo Almada, a contrapartida para o fim do teatro será compensada. "Teremos de oito salas de cinema no shopping", avisa.
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Tijuca Tênis Clube aborta shopping
Distante 2,5 quilômetros do América, o Tijuca Tênis Clube também deliberou sobre a proposta de construção de um shopping no espaço de sua sede. A iniciativa, porém, foi negada na última segunda-feira, em assembleia dos sócios. "Esse, agora, é um assunto encerrado. O clube continua e a proposta do shopping foi definitivamente sepultada", diz Evaldo Ramos, vice-presidente de comunicação do Tijuca Tênis Clube.
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Alívio para Thaís Bittencourt, que voltou a morar na Tijuca há 10 meses e fez questão de escolher um imóvel perto do clube. "Fui criada nele. E quero que minha filha tenha a mesma experiência", disse, ontem, após sair do clube com a pequena Valentine, de 3 anos, que faz balé e natação no espaço.
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