Paciente com coronavírus recebe atendimento em leito do município - Divulgação/Mariana Ramos
Paciente com coronavírus recebe atendimento em leito do municípioDivulgação/Mariana Ramos
Por Waleska Borges

O aumento dos casos de coronavírus no Rio deverá ocorrer entre duas e quatro semanas. A previsão é do secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, que estima de 4 mil a 10 mil registros de Covid-19 no período. É esperado ainda que o contágio só comece a cair daqui a cinco meses. Ontem, o Rio anunciou os primeiros casos de transmissão interna de Covid-19 do estado. Os dois pacientes, um homem de 72 anos e sua esposa, não viajaram ao exterior. O estado tem 76 casos suspeitos e 16 confirmados: a capital tem 14, Niterói e Barra Mansa, um registro cada.

Com os casos de transmissão local, o estado passou para o nível 1 do Plano de Contingência. Nesta fase, está prevista a disponibilidade de 206 leitos exclusivos para tratamento de casos graves de pessoas infectadas em hospitais espalhados pelas diversas regiões, incluindo unidades municipais e federais, além da rede estadual.

"Este é o primeiro caso no estado de paciente que não esteve em países com transmissão comunitária. Como já havia alertado, estávamos esperando que isso acontecesse em breve. No entanto, ressalto que não há motivo para pânico", alertou Edmar Santos.

Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demonstrou preocupação com a propagação do coronavírus no Rio, principalmente, na capital fluminense. "No Rio, você tem uma cidade muito estreita. Você tem o mar aqui, montanha aqui. A proximidade das pessoas no Rio de Janeiro é quase que constante o dia inteiro. Transporte público lotado, metrô funcionando, ônibus funcionando, cidade funcionando", ponderou.

Mandetta se reuniu com o prefeito Marcelo Crivella para acompanhar, no Aeroporto do Galeão, a chegada de seis tomógrafos da prefeitura. "Nós somos um continente. Não somos um país pequenininho, como a Itália. Temos que pensar como a China, como os Estados Unidos. Lá é por estados. Aqui no Brasil também. As coisas podem não acontecer em paralelo. Eu não posso falar 'O Brasil'. Eu não sei a situação do Acre, do Amapá, do Rio Grande do Sul. Lá faz frio, lá o inverno é mais severo, aqui é menos severo", disse o ministro.

 

Hospital de Acari será a referência
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A secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, disse ontem que o município conta com 150 leitos para os quadros graves de coronavírus. Conforme a secretária, a cidade está preparada para a pandemia e aumentou o nível de vigilância.
"Passamos agora para o nível 1 do Plano de Contingência, estamos preparando 150 leitos para abertura imediata, se necessário, e não há dificuldade nenhuma de insumos", tranquilizou.
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"Esses leitos serão abertos à medida que for necessário. Temos também a possibilidade de dedicar uma unidade exclusivamente a esse atendimento, o Hospital de Acari", adiantou a secretária. De acordo com a SMS, o Hospital de Acari, na Zona Norte, foi escolhido pelo número de leitos da unidade e por não ter emergência, evitando uma sobrecarga, além da possibilidade de ampliar leitos de CTI.
De acordo com Patrícia Guttmann, superintendente de Vigilância em Saúde do município, cerca de 400 profissionais da rede já foram treinados para atenderem casos de coronavírus.
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"Os profissionais foram treinados de como agir para se manterem saudáveis e evitar que os outros pacientes se contaminem", informou Patrícia.
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Estado poderá adotar medidas severas contra aglomerações
O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, alertou que avalia medidas mais duras para evitar aglomerações. Entre elas, recomendar que pessoas trabalhem em home office e evitem lugares de grandes eventos, como estádios. De acordo com Santos, a própria população já tem feito isso em outros países.
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"Uma parte é feita pelo estado. Outra, pela população. Alerto para as pessoas não deixarem de atentar para outras doenças, como sarampo e dengue, além de gripe, cuja campanha de vacinação terá início nas próximas semanas", recomendou.
De acordo com Santos, a secretaria está realizando todo o desenvolvimento de ação de forma integrada com as diferentes redes, inclusive com a privada, para tentar minimizar o impacto da circulação do vírus no estado.
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"Estamos avaliando medidas mais enérgicas já neste momento, como fechamento de igrejas, universidades, cinemas. O objetivo é evitar curvas de crescimento do vírus mais agudas".
De acordo com Santos, os detalhes das medidas serão divulgados até segunda-feira. O secretário ainda diz que é preciso que toda a população fluminense esteja comprometida com a saúde coletiva. Os infectados devem seguir as orientações das autoridades sanitárias. "Se o isolamento domiciliar for a necessidade do momento, isso precisará ser seguido para o bem-estar de todos. Não deve haver uma corrida para os postos se não houver sintomas", ponderou.
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Conforme o secretário, estudos mostram que, no cenário mundial, de 10% a 15% das vítimas precisam de internação. "Nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para atender uma demanda tão grande sem fazer adaptações. E é nisso que estamos trabalhando desde o início do ano".
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