Rio de Janeiro - RJ  - 14/03/2020 - Coronavirus na cidade do Rio - na foto, corrida para estocar produtos, Avenida Barata Ribeiro , em Copacabana, zona  sul do Rio -  Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - Reginaldo Pimenta
Rio de Janeiro - RJ - 14/03/2020 - Coronavirus na cidade do Rio - na foto, corrida para estocar produtos, Avenida Barata Ribeiro , em Copacabana, zona sul do Rio - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta
Por Gabriel Sobreira e Felipe Gavinho

No primeiro dia depois da edição de decretos do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio estipulando ações restritivas para controle do coronavírus, cariocas e turistas se despediram do último fim de semana do verão enchendo praias e supermercados. Os apelos do governador Wilson Witzel e do prefeito Marcelo Crivella para se evitar aglomerações, funcionaram na maior parte da cidade, como em pontos turísticos (AquaRio e roda-gigante) e bares. Mas o sol forte e o calor foram a senha para a desobediência.

Desde sexta-feira, o Rio de Janeiro entrou na lista (junto com São Paulo) de estados onde já há transmissão comunitária do novo vírus, ou seja, quando não se consegue mais monitorar a origem do contágio. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), até a tarde de ontem, o estado contava com 24 casos confirmados e 76 suspeitos (esses números só serão atualizados hoje pelo Ministério da Saúde). A SES destaca que, entre os casos confirmados, 14 são de mulheres e 10, de homens. Todos estão apresentando quadro de saúde estável e em isolamento domiciliar.

Corrida às compras

A reportagem de O DIA percorreu supermercados na Zona Sul e encontrou alguns estabelecimentos com prateleiras vazias de produtos como papel higiênico, leite, macarrão, arroz e enlatados. Isso não significa, no entanto, motivo para pânico. Quem garante é Fábio Queiroz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio (Asserj).

"Estamos estreitando parcerias com fornecedores para que os produtos cheguem até as gôndolas", disse em vídeo divulgado nas redes sociais. Queiroz também fez um apelo: "Não corram desesperadamente para as lojas. Vamos fazer tudo de forma gradativa e ordeira", defendeu.

Segundo ele, o pico de consumo, ou seja, muitos consumidores indo ao mesmo tempo aos mercados e comprando quantidades acima do normal é que pode passar a sensação de escassez de produtos.

"O aumento mais do que significativo de uma demanda, como no caso de papel higiênico e álcool em gel, pode vir a gerar falta momentânea de produtos", destacou. No entanto, ele reforçou: "Vamos garantir o abastecimento".

Medidas preventivas

Segundo a Asserj, devido ao aumento de vendas em algumas lojas, as redes de supermercados estão tomando medidas preventivas, como antecipação de pedidos de compras para garantir atender à demanda da população.

Segundo um funcionário do supermercado Mundial de Copacabana, que preferiu não se identificar, a demanda era impressionante na porta da filial da Rua Barata Ribeiro, antes da abertura, ontem. "Isso aqui estava uma loucura. Parecia período de ofertas", compara. "Ontem (sexta-feira), chegaram caixas de álcool gel e já acabaram. Nem deu tempo de colocar na prateleira", relatou.

 

Muito sol e praias lotadas
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Era como se fosse um sábado como outro qualquer de verão. Os cariocas deram de ombros aos riscos da transmissão do coronavírus e lotaram as areias das praias. "Agora que ficou mais recente (a pandemia) é que vamos sentir como e se vai afetar o movimento", avaliou Ryan Muniz, 24 anos, funcionário de um quiosque que oferece álcool gel para clientes. Munis não concorda com a possibilidade de o governador Wilson Witzel interditar praias para evitar a contaminação em massa. "Tudo que é muito radical é complexo. Acho que cada um sabe de si. Se está infectado ou com sintomas, não deve sair", ponderou.
Já as amigas catarinenses Ariane Pinheiro e Giovanna Pimenta, ambas de 19 anos, chegaram ao Rio na sexta-feira e dizem ter ficado em alerta. "No aeroporto, assustou um pouco ver quase todo mundo de máscara", contou Ariane. Elas são a favor da possível interdição da praia. "Não olhamos a praia da mesma forma que encaramos um aeroporto, por exemplo. Mas estamos evitando ônibus e metrô", acrescentou Giovanna.
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Turistas sem controle
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Apesar da pandemia do novo coronavírus, o Píer Mauá segue recebendo navios abarrotados de turistas. Ontem pela manhã, um cruzeiro vindo de Búzios atracou na capital fluminense. De acordo com a assessoria do Píer, há uma preocupação em relação ao vírus: "Estamos seguindo todo o protocolo da Anvisa", declarou a assessoria.
Até o momento, as viagens de navios não sofreram nenhum tipo de alteração. Até o dia 30 de março, a previsão é de chegada de mais 10 navios. Desse total, cinco virão de fora do Brasil. O Ministério da Saúde chegou a proibir, na sexta-feira, que cruzeiros atracassem no país, mas voltou atrás e suspendeu a decisão para uma revisão técnica.
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Em outro ponto de chegada de turistas, estrangeiros, inclusive, o aeroporto Santos Dumont, no Centro, as máscaras cirúrgicas se tornaram itens comuns, ao mesmo tempo em que não se via controle do estado de saúde de passageiros.
A estudante gaúcha Ambra Lenz confidenciou saber que o uso da máscara não previne a infecção. Contudo, a preocupação dela é com os familiares: "Minha mãe tem imunidade baixa e não quero correr o risco de passar nada".
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Remarcação de viagem sem custos 
O Ministério da Justiça e Segurança Pública recomendou ontem, por meio da Secretaria Nacional
do Consumidor (Senacon), que os consumidores possam remarcar - sem custos adicionais - as viagens turísticas previstas para os próximos 60 dias. “É importante destacar que a remarcação leve em conta fatores como destino, temporada e tarifas de passagens. O mesmo vale para
hotéis e pacotes”, diz a pasta, em nota divulgada à tarde.
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