Complexo do Chapadão - Divulgação/ ONG Viva Rio
Complexo do ChapadãoDivulgação/ ONG Viva Rio
Por RENAN SCHUINDT

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) pretende ampliar o treinamento de seus agentes para que eles ajudem na prevenção de possíveis casos de infecção pelo novo coronavírus nas favelas cariocas. A informação foi passada pela coordenadora de Vigilância em Saúde da prefeitura, Patrícia Guttmann, a O DIA. O número de visitas domiciliares em regiões mais pobres da cidade também está em análise. A preocupação tem a ver com a grande quantidade de pessoas que vivem em condições precárias nessas localidades.

Segundo Guttmann, ao apresentar qualquer um dos sintomas, a população deve buscar cuidados médicos na Clínica da Família mais próxima da residência. "Não há motivos para pânico. É importante enfatizar às pessoas que o melhor remédio ainda é a prevenção", diz. Ainda segundo ela, houve um alarmismo que levou muitas pessoas a procurarem hospitais de grande porte. "Na maioria dos casos, os sintomas apresentados não se encaixam com os sintomas do novo coronavírus. Os cuidados que a população das favelas deve tomar são os mesmos de qualquer região", diz.

Uma cartilha eletrônica deverá ser lançada em breve pela SMS. O objetivo é levar informações preventivas que evitem a propagação da doença. "Não podemos criar uma cartilha de papel, como estamos acostumados, porque seria mais um risco de contágio durante a distribuição do material. Vamos trabalhar as informações de maneira clara e objetiva. Mesmo assim, em caso de dúvidas, a população pode entrar em contato com o Disque-Saúde, do Ministério da Saúde, por meio do telefone 136", acrescenta Guttmann. 

De acordo com dados do IBGE (2010), cerca de 22% da população carioca reside em favelas, sendo a capital fluminense o município com o maior número de moradores favelados de todo o país, com quase 1,4 milhão de habitantes. Ao mesmo momento em que as autoridades pedem que se evite aglomerações devido ao risco de contaminação, um dilema acontece nas favelas: como manter distância dos familiares que residem no mesmo espaço, quando na verdade uma grande parte das casas sequer possui dois cômodos?

Por agora, Patrícia Guttmmann diz que os cuidados de prevenção devem ser mantidos. "Utilizar água e sabão ou álcool em gel sempre que possível para limpeza das mãos, evitar tocar o rosto e, principalmente a boca, e evitar sair de casa, são as medidas mais eficazes. Caso as pessoas apresentem dificuldade para respirar ou falta de ar, devem buscar a Atenção Primária", conclui.

 

Pobres serão os mais afetados
Publicidade
Em entrevista concedida na última semana ao Projeto Colabora (website brasileiro sobre desenvolvimento sustentável), o médico sanitarista da Fiocruz, Valcler Rangel, prevê que, muito em breve, a população mais pobre seja a mais afetada pelo Covid-19. "Muitas das medidas que estão sendo adotadas ou recomendadas, todas elas corretas, não são acessíveis a essas populações. Limpar as mãos com álcool gel, usar lenço de papel, isolar os doentes em um dos cômodos das casas… Como fazer quarentena em casas que possuem apenas um cômodo, com vários moradores vivendo ali e onde muitas vezes não há sequer um banheiro?", questionou o especialista.
Publicidade
Cuidados em casa
HIGIENIZAÇÃO
Publicidade
Na falta do álcool gel, utilize bastante água e sabão ou desinfetantes, como a própria água sanitária, para limpeza de objetos essenciais e de uso comum, como maçanetas e corrimãos.
CIRCULAÇÃO DE AR
Publicidade
Sempre que possível, mantenha janelas e portas abertas para que haja ventilação. Caso não seja possível, faça a limpeza dos cômodos diariamente.
CONTATO COM PETS
Publicidade
Embora o vírus tenha sido detectado em um cão na China, não há evidências de que eles possam transmitir Covid-19. Caso a pessoa apresente sintomas, o contato com o animal deve ser evitado.
CONTATO COM FAMILIARES
Publicidade
Evite abraços, beijos e apertos de mãos e mantenha distância de pelo menos 1,5 metro de pessoas tossindo.
Você pode gostar
Comentários