Rogéria Leonel tem que comprovar a empresa que não está contaminada pelo novo coronavírus - Acervo Pessoal
Rogéria Leonel tem que comprovar a empresa que não está contaminada pelo novo coronavírusAcervo Pessoal
Por Gabriel Sobreira
Rio de Janeiro - A auxiliar de serviços gerais Rogéria Leonel, 45 anos, chegou na segunda-feira ao Brasil após viagem à Itália e quer retornar ao trabalho na próxima semana. Mas, para isso, precisa atestar à empresa onde trabalha que não está com Covid-19.
“Mesmo estando bem, sem nenhum sintoma, o que eu fiz foi a quarentena voluntária”, contou ela, que mora em Nova Iguaçu. Segundo Rogéria, a recomendação recebida por uma supervisora é de que deveria ter laudo médico constando que não tem nada. “Mas a recomendação é para procurar médico se tiver sintoma, e como vou fazer se eu não tenho nenhum?”, questionou. 
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Procurada, a CNS Nacional de Serviços afirmou que irá apurar. "Não chegou ao nosso conhecimento nenhum funcionário que viajou recentemente para a Itália, muito menos, nos foi consultado a respeito da orientação que deveria ter sido dada. Porém, iremos apurar, uma vez que temos milhares de colaboradores espalhados pelo Estado", informou a empresa, por meio de nota.
O advogado trabalhista Sergio Batalha disse que a exigência de atestado “é absurda”: "Não se pode impor uma obrigação maluca que nem poderia cumprir se quisesse porque ela é assintomática. O que empresa pode fazer por absoluta cautela é orientá-la a ficar em casa por mais 10, 15 dias, depois das férias, pagando o salário".
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O advogado acrescentou: "E para evitar situações maliciosas, o que a funcionária pode fazer para se acautelar é mandar e-mail para o empregador dizendo que está assintomática informando a data de fim das férias. O Departamento de Pessoal deve responder e se não o fizer, ela deve mandar um telegrama, dizendo estar à disposição da empresa e perguntando quando se apresenta".
Marido na mesma situação
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Na última segunda-feira, Rogéria chegou a ir a um posto de saúde em Vila de Cava e foi orientada a evitar postos médicos. "Para não ser contaminada também", lembrou.
Acontece que ela não é a única com este problema. O marido dela, o porteiro e manobrista Jose Antônio V. da Rocha, 64 anos, vive a mesma realidade. "Meu esposo foi me buscar no aeroporto e o patrão colocou ele de quarentena. Estou em casa, só saio quando é estritamente necessário. Não estou nem recebendo familiares. Mas a preocupação fica, porque a gente para sobreviver precisa trabalhar e sabemos que está difícil conseguir emprego", reclamou.