Rio,21/03/2020-CAXIAS, Estacao de Trens de Duque de Caxias ,na foto. Policiais Militares fazendo inspecao das pessoas vao usar o trem para trabalhar .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia - Cléber Mendes
Rio,21/03/2020-CAXIAS, Estacao de Trens de Duque de Caxias ,na foto. Policiais Militares fazendo inspecao das pessoas vao usar o trem para trabalhar .Foto: Cleber Mendes/Agência O DiaCléber Mendes
Por Aline Cavalcante

O primeiro dia do decreto do governador Wilson Witzel restringindo a circulação do transporte público para evitar concentrações e transmissão acelerada do coronavírus começou com algumas filas nos transportes que estão liberados com restrição (trens, metrô e barcas). O decreto do Governo do Estado libera o embarque de pessoas que trabalham em serviços essenciais. A circulação do transporte intermunicipal de passageiros que liga a Região Metropolitana à cidade do Rio de Janeiro foram suspensas. O Bonde de Santa Teresa também teve a circulação interrompida ontem. O BRT Transoeste, que havia sido paralisado, voltará a funcionar neste domingo.

Dez estações da Supervia estão fechadas para embarque e desembarque: Ramal Japeri (Presidente Juscelino, Olinda, Lages e Paracambi), Ramal Belford Roxo (Coelho da Rocha, Agostinho Porto e Vila Rosali) e Ramal Saracuruna (Jardim Primavera, Campos Elíseos e Corte 8). No sistema aquaviário, foi interrompida a operação nas estações de Charitas (Niterói) e Cocotá (Ilha do Governador). As demais seguem com horários especiais. Nas linhas que fazem conexão com a Ilha Grande somente moradores estão sendo transportados.
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Só podem embarcar nos transportes públicos trabalhadores de setores definidos como 'essenciais' e pacientes em tratamento de saúde, com um acompanhante, desde que munidos de atestado médico, agendamento ou outro documento comprobatório da condição médica. Os serviços essenciais são: servidores públicos em serviço, inclusive aqueles relacionados às forças armadas, bombeiro militar e agentes de segurança pública; profissionais do setor de saúde em geral, inclusive individuais que prestem serviços de atendimento domiciliar, excetuando-se os serviços de natureza estética; profissionais do setor de comércio relacionados aos gêneros alimentícios, tais quais mercados, supermercados, armazéns, hortifrutis, padarias e congêneres, farmácias, drogarias e pet shops, revendedores de água e gás.

Apesar das restrições, muita gente tentou embarcar nas estações de trem. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, algumas pessoas, como o caso de Elisângela da Silva, 49, sequer sabiam da restrição.
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"Eu não sabia que tinha esta ordem, por isso vim pegar o trem. Ia visitar minha mãe e quando cheguei na estação soube que não poderia. Fiquei chateada, tinha que ter uma alternativa", reclamou.
Quem precisou ir trabalhar, aprovou as medidas de restrição. "Eu concordei porque só assim quem é obrigado a trabalhar corre menos risco no transporte público", afirmou o estoquista de supermercado Antônio Carlos de Lima, 41.
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Para controlar o acesso, foram colocados pontos de controle em 18 estações (14 da SuperVia, 3 do MetrôRio e 1 da CCR Barcas). Nesses locais, a Polícia Militar realizou a triagem dos usuários, com o apoio de funcionários das concessionárias. O embarque ocorre por meio da apresentação de documento de identidade profissional, carteira de trabalho ou crachá funcional acompanhado de identidade oficial. Pela manhã, muitos usuários relataram que formou enormes filas nas estações de trem. Alguns registraram superlotação nos vagões.

Nas ruas, a Polícia Militar no Rio de Janeiro usou sirenes para alertar as pessoas nas ruas sobre os riscos das concentrações, mesmo em espaços ao ar livre. Segundo a PM, o som é usado para chamar a atenção das pessoas e emitir alertas de combate à pandemia do novo coronavírus. Nos casos de desobediência, os policiais militares atuarão de acordo com o protocolo interno da corporação, segundo a PM, que estabelece o uso progressivo da força. Além das ações de contenção nas estações de transporte, os policiais militares circulam por praias, parques e outros locais de atratividade coletiva, no sentido de apoiar os demais órgãos públicos e garantir o cumprimento do decreto governamental.
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Sem ter como voltar para casa
Muitos usuários que dependem do BRT Transoeste- que parou de circular- tiveram dificuldades para retornar para casa. Trabalhando na Barra da Tijuca, Ricardo ferreira Damasceno, 55, estava preocupado como faria para ir para casa, em Campo Grande. "Ontem (sexta-feira) eu dormi na casa do meu pai, mas hoje (sábado) tenho que ir para casa. Normalmente eu preciso usar apenas o BRT, mas vou ter que pegar a linha que vai para Madureira e de lá tentar pegar um ônibus", relatou.

Sem as linhas de ônibus intermunicipais, o lancheiro Ademir Ribeiro, 41, esperou mais de duas horas no ponto de ônibus. Ele trabalha em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e mora no Caju. O trajeto, feito normalmente com apenas um ônibus, ontem ficou mais longo, caro e demorado. "Tive que vir para Caxias e aqui estou tentando pegar um ônibus para Pavuna. De lá eu pego mais um ônibus pra casa. Um gasto que sempre foi de R$ 7,60 se transformou em mais de R$14".

PONTE RIO-NITERÓI
Os ônibus intermunicipais que chegam ao Rio de Janeiro pela Ponte Rio-Niterói também passaram por um processo de triagem para limitar o acesso à capital do estado. Em duas entradas da ponte, dezenas de policiais militares pararam os carros e caminhões para decidir quem pode ou não prosseguir viagem.A restrição não incluiu a passagem de caminhões, que levam alimentos, remédios e outros insumos essenciais para as cidades. Os carros de passeio, porém, são fiscalizados um a um para tentar reduzir o fluxo de pessoas.

MUDANÇAS
No primeiro dia do decreto, algumas mudanças anunciadas sofreram alterações. Numa reação às medidas adotadas pelos governadores, inclusive do Rio, em meia às crises do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro editou as medidas que garantem ao governo federal a competência sobre a circulação interestadual e intermunicipal.O Governo do Estado ainda não disse se acatará a decisão ou se fica valendo as medidas já adotadas ontem. A Prefeitura do Rio informou que o BRT Transoeste fechou ontem, mas hoje voltará a funcionar. Segundo a prefeitura, caso não não haja respeito à determinação de que os veículos viajem somente com passageiros sentados, sem aglomeração e superlotação, poderá para por 24 horas.

HORÁRIOS
SuperVia - O ramal Japeri circula com intervalos de 24 minutos nos horários de pico e 32 minutos nos horários de vale. A operação do ramal Vila Inhomirim deve ser realizada com uma única composição tanto nos horários de pico quanto nos horários de vale.

Barcas - A operação da linha Praça XV- Arariboia ocorre com intervalos de 30 minutos no horário de pico (das 6h às 9h e das 16h às 18h) e de uma hora nos fins de semana. A operação da linha de Paquetá será realizada com intervalos de até 3 horas, saindo da Praça XV às 6h.
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