O Comperj abrigará a maior unidade de processamento de gás natural do país, com capacidade de processar 21 milhões de m³ por dia - DIVULGAÇÃO
O Comperj abrigará a maior unidade de processamento de gás natural do país, com capacidade de processar 21 milhões de m³ por diaDIVULGAÇÃO
Por Lucas Cardoso

Rio - Após denúncias de funcionários em obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Prefeitura de Itaboraí anunciou ontem a paralisação parcial de 70% das atividades nos canteiros. Segundo responsáveis por empresas operando no local, trabalhadores serão colocados em férias coletivas para evitar a disseminação do coronavírus.

Em denúncias enviadas para O DIA, funcionários relataram que eram mantidos em condições precárias e passíveis de contaminação em alojamentos e no transporte para o local. As reclamações também partiram de parentes de trabalhadores, que convivem com medo de serem infectados. "Eles estão sendo forçados a voltar num ônibus cheio de gente, sendo que nenhum deles recebeu máscara de proteção", reclamou a esposa de um operário, que prefere não se identificar.

Em nota, a Petrobras, responsável pelo Comperj, garantiu que já estava tomando providências para reduzir o efetivo de trabalhadores nas obras desde o dia 16, quando foi decretada emergência em saúde pública no estado. Entre as ações, a estatal mencionou a verificação diária da temperatura de todos os operários e escalonamento de turnos, ajustes no refeitório e transporte. 

As queixas de empregados também foram ouvidas no setor de serviços. Funcionários da empresa de telemarketing Atento dizem que não receberam material para proteção pessoal e vêm sendo forçados a trabalhar sem a distância mínima de 1,5 m. As denúncias já são alvo de ação na Justiça movida pelo Sindicato de Telefonia do Rio (Sinttel Rio).

Segundo a associação, a situação dos funcionários é dramáticas: "as queixas que chegam são, em verdade, pedidos de socorro. As empresas, creio que todas elas, estão negligenciando as recomendações mais básicas para a prevenção do contágio. Os trabalhadores seguem trabalhando uns ao lado dos outros, sem o necessário distanciamento recomendado, e sem acessar itens de higiene. Há também relatos de empresas que não estão afastando trabalhadores com sintomas", explica a advogada do sindicato, Graziele Cardoso.

A falta de condições de segurança também foi motivo de ação pública, de autoria do vereador Jones Moura (PSD), guarda municipal licenciado e presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara do Rio, contra a Guarda Municipal do Rio (GM-RIO), que terá, a partir de hoje, até 24 h para oferecer material de proteção pessoal aos seus agentes, como as máscaras padrão N95 e álcool gel. 

Procurada sobre as denúncias de atendentes, a Atento disse que segue as orientações da OMS em suas filiais e que priorizou dar home office e afastamento remunerado a colaboradores acima de 60 anos e gestantes. Já a GM-RIO, afirma que embora ainda não tenha sido notificada, oferece desde ontem materiais de proteção.

 

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