Por O Dia

A crise do coronavírus levou a maioria dos estados a adotar medidas para diminuir o aumento dos casos. A principal delas é o isolamento horizontal, com todos os indivíduos dentro de casa — só podem quem trabalha em serviços essenciais. Entretanto, o Ministério da Saúde, desde a última semana, tem pregado posições dúbias, ora defendendo o recolhimento total, ora a quarentena vertical — somente para grupos de risco. Esta última posição é questionada por especialistas. 

Médico do Hospital Universitário da UFRJ, Alberto Chebabo explica que, diferentemente do isolamento horizontal, O recolhimento vertical — para grupo de risco, como idosos com 60 anos ou mais, hipertensos, diabéticos e aqueles com insuficiência renal, doença respiratória crônica ou cardiovascular —, não é eficaz. 

"Filhos e netos vão contaminar o grupo de risco por estarem com atividades normais e expostos ao vírus. O Brasil não tem sistema de Saúde capaz de atender a todos os pacientes, que serão muito maior devido à exposição", explicou.

O infectologista Marcos Lago não nega a eficácia do modelo para doenças com transmissão controladas, mas para a Covid-19 recomenda-se manter o isolamento social. Segundo ele, com a troca agora, em pouco mais de um mês, o país teria mais de 100 mil casos confirmados, seguindo a curva de infectados da Itália.

"O Brasil está num momento especial. Apesar de já ter hospitais cheios no Rio e São Paulo, consegue segurar a explosão para evitar que chegue a mais cidades. Se quebrar o isolamento, temo que o contágio comece a entrar pelo país", afirmou.

Itália: erro com medidas tardias
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Com mais de 97 mil casos e quase 11 mil mortes, a Itália é o epicentro da pandemia na Europa. Tal posição foi resultado da adoção de medidas contrárias às recomendações da OMS. Em fevereiro, começo do surto no país, o isolamento vertical foi defendido pelo prefeito de Milão, Giuseppe Sala, o que fez da cidade a mais afetada pela Covid-19. Ele ainda incentivou a continuidade todas as atividades com o slogan 'Milão Não Para', o mesmo defendido pelo governo federal do Brasil, fazendo com que os italianos mantivessem vida normal. A quarentena só começou em 9 de março, 48 dias após o primeiro caso.
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