A apreensão por conta da pandemia do coronavírus está ainda maior entre os brasileiros. Ontem, o país registrou a primeira morte pela doença, que, no mundo, já causou a morte de 7.426 pessoas. A primeira vítima é um porteiro aposentado que tinha diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática - um aumento benigno da próstata e estava internado na rede particular da capital paulista. Ele morreu dois dias após ser internado e não tem registro de viagem recente à Europa, como a maior parte dos 291 casos dos infectados brasileiros. Ele teve os primeiros sintomas no dia 10 de março e foi internado quatro dias depois. Na mesma unidade de saúde, a relação de outras quatro mortes com o coronavírus está sendo investigada.
A morte de uma idosa de 63 anos, em Miguel Pereira, no interior fluminense, também está sob análise. Ela era um dos casos suspeitos da doença, mas o exame laboratorial capaz de detectar o vírus só ficará pronto em 48 horas. De acordo com a Prefeitura de Miguel Pereira, ela teria contraído o vírus de sua patroa, que mora na cidade do Rio, e tinha voltado recentemente da Itália. A idosa saiu do trabalho e deu entrada no hospital já em estado grave.
Ao todo, segundo a Secretaria estadual de Saúde do Rio, há 33 casos confirmados no estado, sendo 31 na capital, um em Niterói e outro em Barra Mansa (o primeiro caso do estado). Apenas um dos pacientes está internado em estado grave, enquanto os demais estão em isolamento domiciliar.
Os infectologistas destacam a importância da reclusão em casa para evitar a rápida proliferação do vírus. Para eles, o país está no caminho certo, no que tange aos pedidos de isolamento das autoridades.
"Tudo nos leva a crer que a Itália, por exemplo, se equivocou, não combateu como deveria. O Brasil está tentando acertar. As medidas adotadas, muito discutidas entre especialistas, podem dar bom resultado para evitar essa elevação dos casos no nosso país", avaliou o infectologista Edmílson Migowski. "Torço para, daqui a duas semanas, podermos dizer que foi um exagero. Na verdade, a gente tem que ser exagerado nesse momento para evitar que pessoas morram nos corredores ou nas ruas. Essa doença é grave", completou.
Também infectologista, Bruno Scarpellini faz um alerta: "O isolamento precisa ser levado a sério. Só é para sair de casa para fazer compras. Quem puder, faz online. Se não for assim, poderemos ter um pico da doença, com diversas mortes".
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