Rio - Na mesma velocidade em que mensagens falsas são difundidas nos celulares dos brasileiros, boas ações também viralizam em meio ao pânico pela pandemia do novo coronavírus. Há quem tenha dispensado funcionários, mas cumprirá o pagamento do serviço; outros, se oferecem para ir à farmácia para buscar produtos para os idosos do bairro que não podem deixar o isolamento de casa. Tem gente fazendo compras na mercearia da rua, que não pode se dar ao luxo de fechar as portas. Pontos de empatia se espalham pelo país.
A cantora Zélia Duncan entrou de cabeça na corrente de solidariedade: dispensou as pessoas que trabalham em sua casa, mas não suspendeu os salários. "O momento é muito delicado e desconhecido para todos. Estamos assustados e o equilíbrio entre o pânico e a responsabilidade é fundamental que possamos encontrar! Dispensei as pessoas que trabalham na minha casa para ver como fica para que se protejam", disse a artista. "Vou pagar a todos normalmente, enquanto eu puder. Tenho meus limites, mas vou pensar em todos, não apenas em mim. Já está acontecendo. Foram 12 shows cancelados, precisamos manter a calma, apesar de tudo".
Thamara Rodrigues já deixou de frequentar as grandes redes de supermercado de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Além de evitar aglomerações e filas, a estudante de 24 anos dá prioridade aos pequenos comerciantes do bairro, donos de padarias e mercearias, que podem ter seus negócios fechados por conta da pouca movimentação de clientes.
"Estou dando mais importância ao comércio local. As lojas que têm perto da minha casa suprem minha necessidade. Tem farmácia, padaria, hortifruti. A pandemia vai afetar economicamente todo mundo, mas as grandes empresas vão resistir muito mais facilmente que os pequenos comerciantes. Normalmente, esses comércios são a renda de toda uma família", explica Thamara.
Guilherme Miranda, também morador da Zona Oeste, já avisou aos vizinhos do bairro e publicou nas redes sociais: está se oferecendo para ir ao supermercado e à farmácia comprar produtos essenciais às pessoas que fazem parte do grupo de risco — aquelas com doenças cardíacas e respiratórias e também os idosos. Sem custos, por empatia. "Vi nos jornais que as pessoas estavam fazendo correntes positivas de tudo quanto é tipo. Pensei que as pessoas precisam de ajuda nessas horas. Como fariam para se alimentar? Precisam mesmo correr risco de vida? Me propus a fazer isso, não só na internet, como no meu bairro".
Nas redes sociais de moradores de Paquetá, um aviso: "Iniciamos a arrecadação de alimentos básicos não perecíveis e artigos de higiene aos trabalhadores informais atingidos pela crise da Covid-19 aqui no nosso bairro". O homem nunca será uma ilha deserta.
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