Passar a madrugada dentro de um barco na Baía de Guanabara nunca foi uma adversidade para o pescador Valdemir da Silva. Aos 57 anos, 35 deles vividos no mar, nunca pensou que teria sua vida alterada "devido a um vírus que surgiu do outro lado do mundo, na China", como ele conta. Morador de Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, o profissional está entre os milhares de cariocas que tiveram sua renda alterada por conta da pandemia do novo coronavírus. Apesar dos problemas, não parou de trabalhar e continua pescando sardinhas para vender. A dura realidade de Valdemir pode ser comprovada, de forma mais ampla, ao se chegar ao tradicional Mercado São Pedro, em Niterói, onde as vendas de pescados praticamente zeraram nesse período.
A renda de Valdemir, antes de R$ 1.300 por mês, despencou há pelo menos três semanas, após a determinação de isolamento social. Ele é um dos pescadores informais que vivem da pesca na Baía de Guanabara. Dentro de casa, outras quatro pessoas dependem da verba do pescado para sobreviver.
"Minha esposa está desempregada. Além dela, moram comigo minha filha e minha neta. Todas dependem dessa renda para se alimentar. A situação está cada vez pior", lamenta.
Crise no estado
O pescador faz parte do grupo de trabalhadores autônomos que deve receber o auxílio de R$ 600, apelidado de 'coronavoucher'. Valdemir está esperançoso com a promessa do governo, de que o pagamento deve iniciar na semana que vem.
Representantes da Associação dos Pescadores Livres do Gradim, em São Gonçalo, alertam que a crise por conta da Covid-19 atinge o mercado pesqueiro em todo o estado. Muitas colônias de pesca estão fechadas por conta da ordem de isolamento.