Valdemir da Silva vive da pesca há 35 anos e diz nunca ter visto crise como essa do coronavírus
 - FOTOS Luciano Belford
Valdemir da Silva vive da pesca há 35 anos e diz nunca ter visto crise como essa do coronavírus FOTOS Luciano Belford
Por Anderson Justino

Passar a madrugada dentro de um barco na Baía de Guanabara nunca foi uma adversidade para o pescador Valdemir da Silva. Aos 57 anos, 35 deles vividos no mar, nunca pensou que teria sua vida alterada "devido a um vírus que surgiu do outro lado do mundo, na China", como ele conta. Morador de Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, o profissional está entre os milhares de cariocas que tiveram sua renda alterada por conta da pandemia do novo coronavírus. Apesar dos problemas, não parou de trabalhar e continua pescando sardinhas para vender. A dura realidade de Valdemir pode ser comprovada, de forma mais ampla, ao se chegar ao tradicional Mercado São Pedro, em Niterói, onde as vendas de pescados praticamente zeraram nesse período. 

A renda de Valdemir, antes de R$ 1.300 por mês, despencou há pelo menos três semanas, após a determinação de isolamento social. Ele é um dos pescadores informais que vivem da pesca na Baía de Guanabara. Dentro de casa, outras quatro pessoas dependem da verba do pescado para sobreviver.

"Minha esposa está desempregada. Além dela, moram comigo minha filha e minha neta. Todas dependem dessa renda para se alimentar. A situação está cada vez pior", lamenta.

Crise no estado

O pescador faz parte do grupo de trabalhadores autônomos que deve receber o auxílio de R$ 600, apelidado de 'coronavoucher'. Valdemir está esperançoso com a promessa do governo, de que o pagamento deve iniciar na semana que vem.

Representantes da Associação dos Pescadores Livres do Gradim, em São Gonçalo, alertam que a crise por conta da Covid-19 atinge o mercado pesqueiro em todo o estado. Muitas colônias de pesca estão fechadas por conta da ordem de isolamento. 

Prejuízo também para os comerciantes
Movimento no mercado de Niterói teve queda expressiva, e público também mudou
Movimento no mercado de Niterói teve queda expressiva, e público também mudouLuciano Belford/Agência O Dia
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No Mercado São Pedro, em Niterói, comerciantes de pescados amargam prejuízos de até 80% nas vendas, por conta da pandemia. A informação é da direção da associação do próprio mercado público municipal. O vai e vem de clientes, na parte da manhã, que era o horário de pico na galeria do bairro Ponta d'Areia, reduziu radicalmente.
O público atual também mudou, é o que conta um dos diretores da associação, Atílio Guglielmo. "A gente tem percebido que os filhos e netos estão tomando a frente de seus pais e avós", explica.
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Para não amargar prejuízos, comerciantes adotaram vendas pela internet ou por telefone. Mas a estratégia ainda não deu o resultado esperado. "As pessoas gostam de vir até o mercado. Mesmo com promoções, ainda não está dando certo", diz Atílio.
Os comerciantes aguardam, agora, a liberação de empréstimo da Prefeitura de Niterói, que irá beneficiar empresários de pequenas e médias empresas com até 19 funcionários.
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Os cartões de benefício serão entregues entre os dias 13 e 17 deste mês, no Teatro Popular. Para evitar aglomeração, cada beneficiário receberá uma mensagem com o dia e a data específicos para retirar o cartão.
Quem ainda não se cadastrou, deve entrar no site da Secretaria de Fazenda e fazer o pedido do benefício.
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