Jose Isama e Maria Tocagon tentam vender seus produtos no Centro - Gilvan de Souza
Jose Isama e Maria Tocagon tentam vender seus produtos no CentroGilvan de Souza
Por Lucas Cardoso

Há 20 dias, o equatoriano Jose Isama, de 49 anos, e sua família não conseguem viver do pouco que vendem nas ruas vazias do Centro do Rio. O imigrante convive com o dilema de ter que trabalhar para conseguir pagar suas contas, mas, ao mesmo tempo, estar exposto ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.

"Estou há cinco anos no Brasil e nunca passei por uma situação tão delicada. Sabemos que precisamos ficar em casa, mas, sem ter o que comer e como pagar o aluguel, fica difícil", conta Isama.

O auxílio emergencial de R$ 600 por três meses, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, seria uma das saídas para reduzir o rombo no orçamento de Isama e outros trabalhadores informais. Contudo, falta clareza para saber se esses profissionais terão ajuda do governo.

Sem cadastro no Cadúnico, o guia turístico chileno Ramon Santana diz que tem colocado toda a renda que sobrou do orçamento para bancar a alimentação da esposa e do filho. "Não tive opção. Se pagar as contas, não comemos. A ajuda do governo ainda é incerta, não sabemos o que fazer daqui pra frente", lamenta.

Segundo a coordenadora do Movimento Unido dos Camelôs (Muca), Maria dos Camelôs, a situação dos estrangeiros consegue ser até mais difícil que a dos demais trabalhadores, já que, em alguns casos, falta documentação necessária.

"Estamos buscando ajuda com instituições parceiras como a Justiça Global e tentando apoio junto à Cáritas para encaminhar essas famílias. De imediato, o movimento incluiu alguns estrangeiros para receber o valor de R$ 250 arredados por vaquinha online. Um outro grupo entrará na nova campanha de arrecadação", explica a coordenadora do Muca.

Desde o inicio da mobilização para socorrer as famílias dos camelôs, o Muca já doou 200 cestas básicas e arrecadou, via vaquinha online, R$ 28 mil para a compra de alimentos.

Segundo o governo estadual, o Mutirão Solidário entregará cestas básicas às famílias de ambulantes estrangeiros cadastradas no Cadúnico e que se enquadram na condição de baixa renda, pobreza e extrema pobreza. Procurado, o Ministério da Cidadania não respondeu sobre o direito dos estrangeiros.

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