Clientes fazem fila na corrida pelo peixe, no Mercado São Pedro, em Niterói  - Reginaldo Pimenta
Clientes fazem fila na corrida pelo peixe, no Mercado São Pedro, em Niterói Reginaldo Pimenta
Por Thuany Dossares
Rio - Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas não deixaram de lado a tradição de comprar peixe para celebrar a Páscoa. Nesta Sexta-feira da Paixão, o mercado São Pedro, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, amanheceu movimentado e antes mesmo de abrir já havia fila.

Mas, para evitar aglomerações que facilitam a propagação do vírus, a administração do centro comercial junto com a Prefeitura de Niterói está organizando a fila para entrar no local e orientando as pessoas a ficarem um metro e meio de distância da outra. O município é o segundo com mais casos de Covid-19 no estado, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. No total, já são cinco óbitos e 117 casos confirmados.

"A gente está trabalhando em parceria com a prefeitura fazendo um controle da entrada das pessoas, higienizando todo mundo na entrada com álcool em gel, e botando apenas um local de entrada e outro de saída. Só estamos permitindo a permanência de 50 clientes por vez. Nosso intuito é levar o alimento durante essa tradição e evitar a propagação da doença", explicou Atílio Guglielmo, diretor da Associação de Comerciantes do Mercado São Pedro.
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Para conseguir garantir o peixe para a Páscoa, a corretora de planos de saúde Rosemary Monteiro, de 49 anos, saiu de casa, no bairro Santa Rosa e foi até o famoso mercado. Mas não deixou a proteção de lado. Ela e o marido foram de máscara.

"Todos os anos a gente vem, é tradição. Fiquei com medo da aglomeração, mas só vim comprar o peixe e já estou voltando para casa. Até que a fila estava andando rápido, estavam orientando o distanciamento, mas muita gente, infelizmente, não respeita. O atendimento nos boxs foi mais rápido também. Que essa Páscoa nos traga a esperança e que tudo isso passe o quanto antes", disse.

Embora o mercado estivesse movimentado, as vendas diretas no box caíram cerca de 60%. Mas, pelo menos, as entregas aumentaram. "Os box também trabalharam para chamar atenção para as vendas delivery. O serviço de entrega representa 30% a 40% das vendas. Até três meses atrás, era 10%, 15% no máximo”, avaliou Atílio Guglielmo. 
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Cadeg tem queda de vendas em 50%

Na Zona Norte do Rio, outro tradicional mercado popular, o Cadeg, também recebeu diversas pessoas que foram às ruas nesta sexta-feira para garantir o seu pescado. No entanto, a movimentação está bem diferente do que de costume.

"Não estava muito cheio. Para o que a gente costuma ver do Cadeg, o movimento tava abaixo do normal. Eu vim porque é tradição e porque gosto muito de lá, frequento desde que me entendo por gente. Eu e minha irmã viemos comprar nosso bacalhau para a Páscoa, é um dia especial e não queríamos deixar de vir garantir o nosso peixe", falou o motorista Jailson Jesus, de 61 anos.

Segundo o diretor de patrimônio da galeria, Jorge Coelho, as vendas na semana santa caíram cerca de 50% em comparação ao ano passado. "Tivemos que nos reinventar. A maioria dos restaurantes e lojas não tinham delivery e agora tiveram que aderir ao serviço de entrega, que está representando cerca de 30% do faturamento", contou.

Jorge ainda disse que outra solução encontrada pelos comerciantes do Cadeg para não enfrentar grandes prejuízos foi diminuir o estoque. "Encomendamos apenas o previsto dentro dessa crise e não fizemos grande estoque", disse.

Mesmo com a determinação da Prefeitura do Rio que proíbe o consumo nos restaurantes, que estão autorizados a funcionar apenas com serviços de entrega, alguns estabelecimentos do Cadeg estavam servindo seus clientes no local.

"Orientamos que eles não podem permitir aglomerações, mas mesmo assim, hoje alguns restaurantes abriram algumas mesas e colocaram grandes distâncias entre elas. O Cadeg é só um centro de abastecimento, não tem gerencia sobre os logistas, cada um é responsável pela sua própria unidade, a administração só orienta. Se eles fizerem coisas erradas, estão sujeitos as multas das prefeituras", declarou Jorge Coelho.