Com a pandemia, restaurantes e bares estão obrigados a fechar as portas, funcionando apenas para serviços de entrega - Reprodução/Redes Sociais
Com a pandemia, restaurantes e bares estão obrigados a fechar as portas, funcionando apenas para serviços de entregaReprodução/Redes Sociais
Por O Dia
No Rio de Janeiro, 75% dos bares e restaurantes demitiram funcionários desde o começo do isolamento social por conta da pandemia de coronavírus. Esse número está em uma pesquisa do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro). Fernando Blower, presidente do Sindicato, afirma que a crise é sem precedentes.

De acordo com a pesquisa, 80% dos bares e restaurantes perderam entre 50% e 100% do faturamento. Este cenário, como explica Blower, leva os donos do estabelecimento a pedirem linhas de créditos, para tentar conter gastos permanentes. Mesmo com a necessidade dos créditos crescer com o passar dos dias, o presidente do sindicato conta que a situação não é animadora.

O que ocorrer, segundo Blower, é que ou o dono do restaurante não consegue o crédito porque já está com o estabelecimento irregular devido à falta de receita, ou quando consegue, não tem como arcar com os juros altos. A prioridade, para o presidente do SindRio, é que os bancos reduzam as taxas e criem linhas emergenciais em parceria com lideranças governamentais. A pesquisa aponta que 80% dos estabelecimentos aguardam esses créditos.

“Nós calculamos que os bares e restaurantes teriam entre 15 e 20 dias de caixa para suportar a crise, mas esse período já acabou. Até a retomada do funcionamento dos bares e restaurante ocorrer por completo, precisamos das linhas de crédito emergenciais para que os microempresários arquem com as despesas”, diz Blower.

Um dos números de destaque da pesquisa é que dos estabelecimentos não trabalhava com delivery e agora faz uso da ferramenta. Apesar da tentativa, a receita gerada elas entrega não é suficiente para manter os locais em funcionamento completo. O medo de Blower é que os problemas nos restaurantes e bares desencadeiem um efeito dominó na economia da cidade e do Estado.

“Somos a ponta do iceberg. Se o nosso setor entrar em colapso, vai afetar outros. Por exemplo, os distribuidores do Cinturão Verde, na região serrana do Rio, vão ser prejudicados já que são eles que fornecem os insumos”, alerta o presidente do sindicato.

Para Blower, a movimentação do SindRio não tem sido com foco no lucro, mas sim na manutenção social do setor. São 45% dos donos de bares e restaurantes que acreditam que não conseguirão voltar com as operações dos estabelecimentos, número alto, já que o setor abriga cerca de 110 mil empregos no Rio. A retomada, de acordo com Blower, será “lenta e dolorosa”.

Tudo leva a crer que a gastronomia fora do lar será um dos últimos segmentos a se recuperar, junto com o turismo e a aviação. Primeiro porque, no momento que afrouxarem as medidas restritivas, se a doença ainda estiver circulando e uma cura não tiver sido desenvolvida, muitas pessoas não vão sair de casa ainda. Além disso, muita gente vai sair dessa crise desempregada, sem renda. As pessoa não vão gastar dinheiro, de início, em coisas que não são prioridade. Tem também a própria capacidade de se reerguer do setor. Quem vai estar pronto para isso, podendo pagar quadro de funcionário completo?”, questiona o presidente do sindicato.