Por Letícia Moura*
O Estado do Rio corre o risco de enfrentar uma possível falta de profissionais de saúde. É o que aponta estudo do Centro de Triagem Diagnóstica para Covid-19 e do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo o levantamento, que já atingiu mais de mil profissionais de saúde, a proporção de positivos entre os testados já atinge quase 50%. 
Os dados do estudo, é claro, ligaram o sinal de alerta, uma vez que tem crescido muito rápido o número de profissionais contaminados. Em uma semana, o percentual chega a dobrar. Entre os dias 16 e 20 de março, o percentual de agentes de saúde, com sintomas de gripe, que testaram positivo para coronavírus era de 5%. Já entre 23 e 27 do mês passado foi contabilizado 18% dos sintomáticos. De 30 de março até 3 de abril: 25% contaminados. No último balanço, o registro foi de quase 50% dos profissionais que fizeram o exame e deram resultado positivo para a enfermidade.
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Segundo a professora Terezinha Marta, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFRJ, responsável pela coordenação clínica do Centro de Triagem, o aumento de casos de Covid-19, entre profissionais de saúde, reflete o aumento de casos da doença na comunidade. Para impedir uma explosão de casos e sobrecarga do sistema de saúde, de acordo com a professora, é fundamental assegurar que as medidas de distanciamento social sejam mantidas. "A  carência de equipamentos de proteção individual e de treinamento adequado contribuem para o aumento progressivo de profissionais infectados", ressalta a professora.

O teste biomolecular, exame mais preciso na descoberta da doença, foi realizado, ao todo, em 1.155 profissionais (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) entre os dias 16 de março e a última quinta-feira. Estes especialistas atuam em hospitais de referência, emergências e hospitais com pacientes com doenças graves das redes municipal, estadual e federal do Estado do Rio.
Profissionais afastados
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, até ontem, 422 profissionais foram afastados do trabalho por suspeita ou confirmação da doença. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 768 profissionais, entre médicos e profissionais de enfermagem estão fora de suas funções por apresentarem sintomas respiratórios suspeitos da infecção, ou pela idade, ou por terem doenças pré-existentes.
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*Estagiária sob supervisão de Waleska Borges