Rocinha recebe campanha com testes gratuitos de coronavírus
Ação começou a fazer testes com pessoas com mais de 60 anos com doenças pré-existentes, que tiveram contato com casos fatais ou confirmados
Cléber Mendes / Agência O Dia
Por Marina Cardoso
Rio - Para combater a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) nas comunidades cariocas, a Rocinha foi a primeira favela a receber, na manhã deste sábado, o projeto "Favela sem Corona", criado em março em consequência do avanço da doença e conta com sociólogos, geólogos, professores e profissionais de serviços sociais, com testes rápidos gratuitos para o vírus. Nesta primeira etapa, a campanha é destinada a pessoas do grupo de risco, que tiveram contato com casos fatais ou confirmados.
Para a realização da campanha de testes rápidos gratuitos, o projeto tem a parceria com uma clínica próxima na comunidade e que é responsável pela aplicação e pelos laudos, apresentados em 10 minutos. De acordo com o diretor administrativo da clínica, Tiago Vieira Koch, dos testes realizados neste sábado, com horário marcado, quatro pessoas deram positivo para o novo coronavírus.
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"Neste início são 50 testes. É um número baixo para evitarmos aglomeração, como é a principal orientação das autoridades. Mas a ideia é conseguir fazer o maior número de teste na população da Rocinha. Das pessoas que deram positivo, dois têm menos de 40 anos e dois com mais de 60 anos", diz ele.
Com uma população em torno de 200 mil habitantes, a Rocinha foi o primeiro lugar escolhido porque nos últimos dias apresentou alguns casos de morte em decorrência do Covid-19.
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As pessoas que realizam os testes recebem máscaras caseiras, confeccionadas por costureiras da comunidade da Maré. A triagem das pessoas é feita por líderes da comunidade, que têm relacionamento com os moradores.
“Nós acreditamos que as parcerias são a melhor forma de alavancar um projeto, por isso todas as ações que realizamos envolvemos pessoas e empresas que possam ampliar o alcance de nossas campanhas”, conta Pedro Berto, líder do projeto e ex-morador de comunidade.
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ARRECADAÇÃO
A arrecadação para os testes veio de pessoas físicas e resultou em quase R$ 20 mil. Agora, o projeto busca mais doadores para que possa levar a campanha a mais gente e a alcançar outras comunidades.
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Além dos testes, o projeto quer também prevenir a disseminação da doença, dar apoio a possíveis infectados em comunidades vulneráveis e adotar medidas de colaboração socioeconômica para diminuir o impacto do coronavírus nas comunidades. Para isso, há a parceria com o ‘Brownie de Favela’, pequena empresa da comunidade, e o aplicativo James Delivery.
Os kits com quatro brownies, de sabores diferentes, estão disponíveis para venda na área de cobertura que o aplicativo atende na capital carioca. Com a compra de um kit, outro é doado a uma criança de uma comunidade.