O youtuber Thomas Santana, morador de Campo Grande, na Zona Oeste, fez sucesso ao narrar o sexo do casal vizinho - Reprodução/Instagram
O youtuber Thomas Santana, morador de Campo Grande, na Zona Oeste, fez sucesso ao narrar o sexo do casal vizinhoReprodução/Instagram
Por Gabriel Sobreira

Em tempo de isolamento social, nem todo mundo leva na esportiva um vizinho mais barulhento. Som alto depois das 22h, o cachorro latindo sem parar, um músico empolgado ou festa sem hora para acabar podem tirar a paciência — e o sono — de qualquer um.

Mas a criatividade e o bom humor transformaram um barulho, que para muitos seria incômodo, ou até constrangedor, em motivo de piada. Um Youtuber de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, ganhou seguidores e likes extras ao narrar, nas suas redes sociais, o sexo no apartamento vizinho em plena quarentena. Não foi a primeira vez que Thomas Santana, de 25 anos, registrou as estripulias da dupla animada, mas o caso ajudou a fazer rir muitos que estavam em isolamento social, e o assunto chegou a ser um dos mais comentados no Twitter.

Mas isso é uma exceção no meio de uma enxurrada de reclamações entre vizinhos, que vêm aumentando durante a pandemia. Para o advogado Roberto Bigler, dono de uma empresa que gerencia cerca de 200 condomínios na Baixada Fluminense, Grande Rio e parte da Zona Oeste, isso está bem claro.

"Nos meus cálculos, as reclamações sobre vizinhos aumentaram em 20%", avalia Bigler, que afirma, porém, que 'reclamar do sexo barulhento do vizinho não é tão comum assim. Isso geralmente não aparece nos livros de reclamação. As pessoas, às vezes, se sentem constrangidas de colocar algo do gênero, mas esse tipo de incômodo existe sim", conta ele.

"Aqui, na Zona Sul, está tendo muita bagunça. Tem uns jovens que fazem festa até altas horas, devem se encher de álcool, ficam gritando, xingando. Um domingo deu até polícia. A festa começou de tarde e até uma hora da manhã estavam com música alta, gritando e xingando as pessoas que pediam para diminuir o som", reclama Juliana Pinto, moradora do Leblon.

Bigler, que é presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB de Nova Iguaçu e diretor jurídico adjunto da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), lembra uma situação recente e inusitada.

"Vizinhos fizeram bingo na varanda e convidaram todas as outras varandas. Isso causou uma discussão violenta nos grupos de WhatsApp do condomínio, que não é um dos que eu administro", lembra ele, aos risos.

"As queixas são para o que antes as pessoas nem se incomodavam. Já que elas estão trabalhando em casa, as crianças estão em casa, confinadas, o grau de tolerância diminui, e isso naturalmente influencia (no aumento das reclamações)", explica Bigler.

Manual de etiqueta para condôminos
Publicidade
Para o síndico profissional Lucas Tostes, da LT Gestão, responsável por administrar 10 condomínios, as reclamações variam entre crianças correndo em casa, pessoas treinando e latidos de cachorros.
"Mas, em geral, acredito também que há certa tolerância e compreensão em relação a este momento que estamos vivendo", analisa Tostes, que elaborou o Manual de Etiqueta para Condôminos.
Publicidade
1
Seguir as medidas preventivas de lavagem das mãos e uso de álcool em gel.
Publicidade
2
Respeitar o fechamento das áreas comuns, entendendo que é um momento temporário em prol da saúde e segurança dos funcionários e moradores.
Publicidade
3
Continuar respeitando o silêncio e sossego dos vizinhos, já que todos vivem esse momento atípico com crianças em casa, praticando exercícios e fazendo home office.
Publicidade
4
Não deixar os sapatos do lado de fora do apartamento, pois atrapalha a equipe de limpeza, além de ser uma área comum. A sugestão é reservar um espaço dentro de casa para eles e tirá-los antes de entrar.
Publicidade
5
Usar os elevadores de forma contenciosa, sendo utilizados na mesma viagem somente com pessoas da mesma família. Os demais devem aguardar próximas viagens.
Publicidade
6
Auxiliar os idosos nas compras de mercado e farmácia.
Publicidade
7
Receber as encomendas (farmácia, alimentos, documentos, compras e outros) na portaria, evitando o fluxo de mais pessoas no condomínio.
Publicidade
Você pode gostar
Comentários