Em Campo Grande, na Zona Oeste, difícil é encontrar um campo que não esteja ocupado nos finais de semana - Danillo Pedrosa
Em Campo Grande, na Zona Oeste, difícil é encontrar um campo que não esteja ocupado nos finais de semanaDanillo Pedrosa
Por Danillo Pedrosa

Os campeonatos de futebol ao redor do mundo continuam paralisados por causa da pandemia do novo coronavírus, mas alguns cariocas nem estão sentindo tanta saudade de ver a bola rolar. No bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, difícil é encontrar um campo que não esteja ocupado aos fins de semana, mesmo diante das recomendações para ficar em casa. Vale lembrar que a região concentra 70% das queixas ao Disk Aglomeração. E Campo Grande é o campeão.

Sem álcool em gel ou qualquer outra precaução contra a propagação da doença, dezenas de pessoas se reuniram no último domingo para a "pelada" semanal no sub-bairro de Oiticica. Antes de começar, quem chegava cumprimentava os já presentes com o tradicional aperto de mão e se juntava à conversa próximo a um banco de madeira. Nele, estavam sentadas quatro pessoas, enquanto dezenas se aglomeravam ao redor.

Muitos nem se conheciam, pois dois grupos de futebol se juntaram para reunir as 14 pessoas necessárias para preencher o campo. O empenho foi tanto que havia 21 jogadores, fora os que estavam ali apenas para assistir. "Carioca não consegue ficar em casa, ainda mais num domingão bonito desses", comentou Renan, um dos mais jovens do grupo.

Finalmente, o apito inicial foi dado. A regra era clara: um dos que estava de fora assumiria a função de árbitro. A primeira peleja terminou empatada em 0 a 0 depois de 15 minutos, e a decisão foi na moeda. Dado o resultado, o então juiz entrou no campo para jogar e um dos eliminados assumiu o mesmo apito. A única prevenção foi esfregá-lo na camisa para tirar a saliva do antecessor.

Havia poucos coletes, e alguns dos que saíam entregavam os usados a quem entrava em campo. Foi o caso de Beto, que abandonou o jogo por causa do cansaço mesmo depois de duas vitórias. Afinal, ele já tem 63 anos e o forte calor castigava. A preocupação com o coronavírus, entretanto, estava em segundo plano.

Apesar do cansaço, o chef de cozinha não dispensou o bate-papo ao fim da jogo. "Tem que ter a resenha. Velho não fica sem resenha", brincou Beto, que está no grupo de risco.

De fato, quando o jogo terminou, muitos se reuniram para estender a diversão, enquanto a maioria tinha ido embora. Um deles desdenhava do vírus: "Eu fico preocupado se não tiver cerveja".

 

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