Rio, 21/04/2020  - COVID 19 - CORONAVIRUS - Herois da pandemia. funcionaria do Metro Rio Estacao Maracasna. zona norte do Rio. coronavirusrio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia - fotos Ricardo Cassiano
Rio, 21/04/2020 - COVID 19 - CORONAVIRUS - Herois da pandemia. funcionaria do Metro Rio Estacao Maracasna. zona norte do Rio. coronavirusrio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Diafotos Ricardo Cassiano
Por Juliana Pimenta

 

Rio - "Próxima estação: sua sala. Estação com acesso à cozinha e ao quarto”. Achou estranho? Mas saiba que é desse jeito que muitos cariocas têm matado as saudades da rotina. Gravada por Zanna, cantora responsável pela voz do Metrô Rio, a versão é uma brincadeira com os tradicionais avisos ouvidos no transporte público. O áudio, disponível nas redes sociais, serve de alento em tempos de isolamento social, momento capaz de deixar a população mundo a fora com vontade de retomar até as atividades menos valorizadas do dia a dia. De toda forma, um grupo específico, o de funcionários do metrô, tem feito de tudo para manter o transporte funcionando para quem ainda precisa sair de casa.

Anderson Gomes é agente de segurança na estação Central e entende a importância de seguir trabalhando durante a pandemia. “O metrô não tem como fechar as portas como outros estabelecimentos, porque tem que levar o trabalhador essencial como o da farmácia, mercado, hospital... Fico feliz em estar colaborando para isso. Sei que é perigoso sair e ter contato com outras pessoas, mas entendo que faz parte”, destaca o profissional que lembra que o enfrentamento de crises faz parte da sua profissão. “O treinamento que a gente tem, de segurança, já é preparado para adversidade. Então a gente já fez isso antes, nem que seja em treino”, argumenta.
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Segurança para prevenção

Mas, apesar da coragem aprendida na profissão, Anderson não esconde a preocupação em relação ao contágio pelo coronavírus. “Medo eu não tenho tanto porque tomo cuidado. Quem toma cuidado não fica apavorado, mas é claro que fico receoso. Eu dobro o cuidado justamente para não viver o tempo todo com medo. Até porque tenho que continuar trabalhando e, se ficar ansioso, acabo trazendo essa confusão para dentro de casa e preocupando minha família”, explica o segurança que todos os dias, para se precaver, leva cinco máscaras de proteção para o trabalho e realiza trocas regulares.

A rotina de cuidados também se estende a outros profissionais. Condutor de trens, Leandro Teixeira revela o ritual de preparação que antecede cada jornada de trabalho. “O Metrô Rio disponibilizou embalagens de álcool 70 para que a gente faça a limpeza das cabines e de todas as superfícies. Além disso, uso álcool em gel e vivo o tempo todo de máscaras”, conta o profissional que, apesar do momento difícil, demonstra gratidão em poder servir à sociedade.

“Eu moro em cima da casa da minha mãe e da minha avó e não posso entrar para falar com elas por estar saindo todos os dias. Mas sei da importância do meu trabalho e isso me ajuda a lidar com essa apreensão. Sinto orgulho de poder trabalhar nessa função e vejo que, quando tudo isso passar, vou ver que pude participar na linha de frente dessa guerra, carregando os verdadeiros heróis de um lado para outro”, reverencia Leandro.

E, se por parte da população existe saudade, o condutor até que comemora o ambiente de trabalho um pouco menos tumultuado. “Nossa rotina melhorou um pouco nesse sentido. Porque a gente é acostumado a trabalhar com uma tensão muito grande o tempo todo. E, com a redução do fluxo de pessoas, essa tensão também diminuiu. Mas faz falta, sim, ver tudo de volta ao normal”, pondera.
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