Hospital de campanha do Riocentro conta com 100 leitos de UTI e outros 400 de clínica médica - Divulgação
Hospital de campanha do Riocentro conta com 100 leitos de UTI e outros 400 de clínica médicaDivulgação
Por RENAN SCHUINDT

Rio - Pelo menos cinco pessoas já faleceram em um mês, vítimas da covid-19, enquanto aguardavam transferência para leitos de terapia intensiva na capital. A informação é da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. A constatação apenas confirma o que vem sendo denunciado: a falta de acesso aos leitos colabora com o agravamento do quadro de saúde, além de aumentar as chances de óbito. Dada a urgente necessidade de novos leitos, o Hospital de Campanha Lagoa Barra, construído pela iniciativa privada, abrirá suas portas hoje para pacientes infectados pelo coronavírus.

De acordo com a subcoordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria, Alessandra Nascimento, a dificuldade de internação é tão grande que as famílias não têm conseguido vaga nem mesmo com ordem judicial.

"Infelizmente, a falta de leitos levou à morte de cinco pessoas. Elas sequer tiveram tempo de conseguir transferência para uma unidade de referência", relatou Alessandra a O DIA.

Segundo a defensora, a demora tem sido uma constante na vida da população carioca e de todo o estado: em média, cada solicitação pode levar até três dias para ter resposta.

"É um tempo muito menor se comparado aos pedidos para outras doenças. Porém, a necessidade é de extrema urgência. Foram prometidos quatro mil leitos. Onde estão? Se este número tivesse sido cumprido, agora o sistema não estaria sobrecarregado", afirmou.

Em um mês, a Defensoria já contabiliza 45 ações judiciais. Todas relacionadas a pedidos de transferência de pacientes com covid-19, internadas inicialmente em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na cidade do Rio. "As UPA's não têm condições de manter pacientes em estado grave. Não há estrutura para isso. A sala vermelha não tem espaço. Os pacientes com outras doenças correm risco de serem contaminados por dividir o mesmo local com aqueles que foram infectados pelo coronavírus. Não tem como praticar um isolamento em segurança", alertou.

Ainda de acordo com a defensora, o pico de ações desta natureza aconteceu nos dois últimos dias. Somente na última quinta-feira, foram 12 pedidos. O levantamento também inclui ações movidas contra planos de saúde, que se negam a prestar cobertura para internação em casos confirmados da covid-19.

Hospital de Campanha Lagoa Barra abre hoje

Construído em 19 dias, o Hospital de Campanha Lagoa Barra começa a funcionar a partir de hoje. Houve a antecipação em uma semana do prazo originalmente previsto. Trinta leitos já estarão em funcionamento, sendo 10 de UTI e 20 de enfermaria.

Com 200 leitos no total, sendo 100 de UTI, o hospital estará voltado exclusivamente para atender pacientes do SUS, vítimas da covid-19, que serão encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). O hospital conta com tomografia digital, radiologia convencional, aparelhos de ultrassom e ecocardiograma e laboratório de patologia clínica, e funcionará por 4 meses, durante o período da pandemia.
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Riocentro começa a funcionar em 1º de maio
Em uma semana, a população do Rio enfim poderá contar com o funcionamento do hospital de campanha do Riocentro. O prefeito Marcelo Crivella anunciou ontem que no dia 1º de maio começam as operações da unidade.

O hospital do Riocentro tem 100 leitos de UTI e mais 400 de clínica médica, em um total de 500 leitos exclusivos para tratamento de pessoas com a covid-19. Crivella disse que a abertura será possível com a chegada de um avião trazendo uma grande quantidade de equipamentos chineses.

"Um voo da Vale vai trazer da China na semana que vem 200 respiradores e 40 monitores. Em outros voos que a prefeitura está negociando deverão chegar mais 300 respiradores, 70 carrinhos de anestesia, 400 monitores e 1 milhão de EPIs (equipamentos de proteção individual), entre máscaras e outros itens de proteção para os profissionais dos nossos hospitais", afirmou Crivella por meio de nota.

A questão da mão de obra de profissionais de saúde ainda não está definida. De acordo com o prefeito do Rio, estão sendo feitos contatos com prefeitos de outras cidades e até governadores de estados menos impactados pela doença para trazer ao Rio os médicos necessários.

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