Por Anderson Justino
Rio - Terminou ontem o prazo dado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro para que o Governo Federal cedesse os leitos livres de seus seis hospitais federais, dentro do Município do Rio, para a regulação unificada de internações para pacientes diagnosticados com a Covid-19. As imagens dessa segunda-feira repetiam as ocorridas as últimas semanas dentro das unidades de saúde. Corredores cheios e pessoas desesperadas procurando por atendimento para seus parentes.
A última atualização da Secretaria Municipal de Saúde mostra que a taxa de ocupação de leitos de UTI para tratamento do novo coronavírus na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), que inclui leitos de unidades municipais, estaduais e federais na cidade, é de 97%. Já a taxa de ocupação nos leitos de enfermaria para pacientes com suspeita de Covid é de 90%.

Ontem, o dia foi de peregrinação nas portas dos hospitais para quem procurava atendimento com sintomas da Covid. Com os pais doentes, uma moradora de Cosmos, na Zona Oeste, saiu de casa ainda de madrugada para conseguir atendimento para eles somente no Hospital Universitário do Estado Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte. O casal é idoso e faz parte do grupo de risco. Eles estão com os sintomas da doença desde semana passada, mas a situação se agravou nesta segunda.

“O atendimento está demorando demais. Estão dando atenção apenas para quem está quase morrendo. Dizem que não estão com leitos vagos para internação. Meus pais foram apenas examinados, medicados com dipirona e liberados. A situação está grave nos hospitais”, desabafa a mulher.

Na próxima sexta-feira a Secretaria Municipal de Saúde vai inaugurar o hospital de campanha, no RioCentro, na Zona Oeste. O espaço terá 500 leitos, sendo 100 de leitos de UTI.

Nos hospitais do Estado, a taxa de ocupação é de 75% em leitos de enfermaria e 81% em leitos de UTI. 2.228 pacientes estão internados na rede estadual. Desses, 285 suspeitos ou confirmados de coronavírus aguardam transferência para UTIs, que podem ser regulados para as diferentes redes, seja ela municipal, estadual ou federal. A inauguração do hospital de campanha do Maracanã está prevista para os primeiros dias de maio.
Publicidade

Defensoria da União pede mais leitos para o Rio
Publicidade
A falta de leitos para pacientes com a covid-19 no Rio chamou a atenção da Justiça Federal do Rio. Na última quarta-feira, foi determinado que os seis hospitais federais localizados no município cedessem leitos livres para pacientes das redes municipal e estadual. Ontem foi o último dia para a Defensoria Pública do Estado apresentar parecer.
Segundo a Justiça Federal, a determinação visa diminuir o colapso nos hospitais do estado e do município. A mudança defendida pelo órgão assegura que, diariamente, os hospitais devam inserir seus leitos livres no campo 'cedidos' dentro do Sistema Regulatório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para que possam ser utilizados. Caso a decisão não seja cumprida em até 48h, será multado em R$ 1 mil por dia de atraso. 
Publicidade
O Ministério da Saúde informou que vem cedendo leitos para pacientes infectados com o novo coronavírus desde março. Com o início da pandemia, o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) recebeu cerca de 60 pacientes das redes municipal, estadual e federal.