Tayana, de Campo Grande, continua trabalhando durante a quarentena - ARQUIVO PESSOAL
Tayana, de Campo Grande, continua trabalhando durante a quarentenaARQUIVO PESSOAL
Por Danillo Pedrosa

Assim como a Tayana Barras, promotora de vendas e moradora de Campo Grande, milhares de funcionários de serviços essenciais precisam trabalhar. Apesar do momento difícil, o setor de supermercados é um dos que está em alta e já abriu mais de 1.000 vagas desde o início da quarentena, há pouco mais de um mês.

Para ajudar a abastecer quem sai de casa todos os dias, Tayana, de 26 anos, que foi contratada há quatro meses pela marca Regina, precisa trabalhar cinco horas — a jornada foi reduzida — mantendo e organizando as prateleiras. Um risco necessário, já que os supermercados não podem parar mesmo durante a pandemia.

"Vou sempre com bastante medo, de máscara, levo álcool em gel. Muitas pessoas não estão respeitando, você não sabe quem está do seu lado", diz Tayana, que ainda passa cerca de uma hora e meia em deslocamento. E a rotina é cansativa. Em três dias da semana, ela precisa visitar cinco mercados. Nos outros dias, duas lojas.

A preocupação é grande não só por ela mesma, mas também por causa da família. Ela mora com o pai, a mãe e o irmão. O pai, Sandro, é hipertenso, e o contato com ele precisa ser o menor possível.

"Quando chego, meu pai já está gritando para deixar as coisas do lado de fora. Já tiro tênis, lavo as mãos, coloco a roupa para lavar. Aí sim eu entro, mas tomando cuidado", conta a promotora de vendas.

Com milhões de cariocas em isolamento domiciliar, os mercados não param de faturar na quarentena, tanto que é um dos únicos setores que não param de contratar. Em lojas da rede Supermarket da Zona Oeste, centenas de empregos já foram gerados.

"Desde que começou a pandemia, contratamos quase 100 pessoas, principalmente por conta do delivery. O O tipo de funcionamento do mercado foi alterado e o delivery teve um aumento de quase 300%", revelou Manuel Sil, diretor de marketing e jurídico de seis lojas da empresa na região — Recreio (duas), Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Tanque, Pedra de Guaratiba e Campo Grande.

FATURAMENTO DISPARA

Segundo a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), o período teve aumento de 21% na comparação com fevereiro, e 20% em relação ao mesmo período do ano passado. A entidade já esperava que a pandemia fosse gerar esse resultado, visto também em outros países que adotaram o isolamento social.

"O supermercado é um serviço essencial e fundamental para toda a população. E, como já esperávamos um aumento na procura, nos preparamos para esse período totalmente atípico na história do varejo, no Rio, no Brasil e no mundo", comenta Fábio Queiróz, presidente da Asserj.

 

Ricardo Lopes, promotor de vendas e morador de Campo Grande, foi diagnosticado com a covid-19 - Divulgação

Promotor pede empatia
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Diagnosticado com a covid-19, o promotor de vendas Ricardo Lopes, também morador de Campo Grande, lamenta a falta de respeito de muitos clientes. Alguns não tomam os devidos cuidados, e ele acabou sendo afetado.
"As pessoas não estavam ligando para nada. A gente tentava se proteger de um jeito ou de outro. Mas sem os clientes se protegerem, não adianta nada", reclama Ricardo, que deixou um recado: "Fique em casa, se cuide e siga ao máximo os protocolos da OMS.Se precisar ir à rua, use máscara".
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Cuidado redobrado
Na Zona Oeste, região que lidera o número de chamados do Disk Aglomeração, os supermercados precisam redobrar para prevenir o contágio pelo novo coronavírus. As romendações são seguidas à risca em lojas da rede Supermarket.
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"Fizemos marcações no chão, lavatórios para os clientes, higienização de carrinhos... Nas áreas internas, refeitórios foram adaptados com mais pias, disponibilização de álcool em gel, algumas improvisações...", explica Manuel Sil, diretor jurídico e de marketing de seis lojas. Segundo ele, cada um delas tem cerca de 20 funcionários afastados por apresentarem sintomas da covid-19 ou por estarem no grupo de risco.
O presidente da Asserj, Fábio Queiróz, faz um apelo:"temos uma grande movimentação nos supermercados da região, muito por conta da concentração populacional. Pedimos à população que não gerem aglomerações nas lojas e, caso percebam esse movimento, imediatamente liguem para o Disk Aglomeração (1746)".
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