Moradores: aglomerações ocorrem em bares perto das praias - Divulgação
Moradores: aglomerações ocorrem em bares perto das praiasDivulgação
Por Anderson Justino
Rio - Evitar aglomerações e manter o isolamento social estão entre as principais recomendações das autoridades de saúde para evitar a propagação do novo coronavírus, causador da Covid-19. Desde o início da pandemia, as medidas adotadas em algumas regiões apresentaram resultados positivos e evitaram um colapso muito rápido na saúde. No estado do Rio, por exemplo, o governador Wilson Witzel prorrogou por mais dez dias as medidas restritivas, que terminava ontem. Em Paquetá, o vai e vem de pessoas nas ruas chamou a atenção da administradora de empresas Aline Durand, de 32 anos, moradora da ilha.

Segundo ela, muitos moradores da ilha estão descumprindo as ordens de isolamento e se reunindo nas ruas, principalmente em bares perto das praias. A preocupação da moradora aumentou após a prefeitura do Rio confirmar o primeiro caso de coronavírus em Paquetá. Uma enfermeira que mora em Paquetá também testou positivo para a Covid-19, mas ainda não entrou na estatística da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Moradores dizem que o primeiro caso da ilha é de um homem que trabalha como motorista de uma empresa que presta serviços para a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb). Ele precisou ser transferido de helicóptero do único hospital que tem na ilha, o Hospital Municipal Manoel Arthur Villaboim (UISMAV), para uma unidade de saúde particular, em Olaria, na Zona Norte.

Nas redes sociais, moradores reclamam que não há testes para a Covid-19 no Hospital Municipal Manoel Arthur Villaboim. Muitos temem que por conta do aumento na demanda o hospital entre em colapso. Uma cena que chamou a atenção ocorreu anteontem, quando funcionários da prefeitura distribuíram máscaras de papel para os moradores.  

Segundo a SMS, a única unidade de saúde da ilha está preparada para atender casos do novo coronavirus. Em casos mais graves, o paciente será transferido para um hospital especializado.
Sobre as máscaras, a Secretária de Ordem Pública explica que o é uma opção descartável de uso diário, que está sendo distribuída à população para ajudar no combate a propagação do coronavírus. A ação integra a campanha ‘Convide a Vida’, que vai instalar cabines de desinfecção (já existentes no hospital de campanha do Riocentro e no terminal Alvorada) e de lavatórios volante em pontos sensíveis da cidade.

Em relação às denúncias de aglomerações de pessoas, a Seop diz que as denúncias precisam ser encaminhadas para a Central 1746 de Atendimento ao Cidadão. Agentes da Guarda Municipal atuam nas ruas da ilha para conscientizar a população sobre a importância do isolamento social.

Representantes da Associação de Moradores de Paquetá (Morena) afirmam que apenas estabelecimentos dos serviços essenciais funcionam na ilha.
Publicidade
Barcas
Único transporte de massa que dá acesso à ilha, as barcas vem sendo alvo de reclamações nos últimos  dias. Por conta da pandemia, apenas trabalhadores dos setores que são considerados essenciais estão podendo sair da ilha. A reclamação é que o transporte não está conseguindo atender a demanda e as embarcações está trabalhando com superlotações. 
Publicidade
A CCR-Barcas diz que cumpre decreto do Governo do Estado que visa a prevenção do aumento do número de casos de coronavírus. "Para evitar aglomeração no interior das estações e nos barcos, os bloqueios das estações estão programados para que o número de passagens disponibilizadas seja exatamente igual ao número de assentos da embarcação da vez, de forma que o número de passageiros embarcados seja limitado ao número de assentos da embarcação. Desde a vigência do Decreto, a taxa de ocupação média da linha Paquetá não ultrapassou os 18%, nem mesmo no horário do rush, o que evidencia que as embarcações nunca navegaram com a totalidade dos assentos ocupados. A redução no número de passageiros foi de 75% em relação à média".
Crise financeira atinge trabalhadores informais
Publicidade
A crise da pandemia da Covid-19 atingiu diretamente a economia da de Paquetá. A ilha é sustentada pelo turismo e por atividades culturais. Segundo Guto Pires, vice presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Paquetá, cerca de 80% do comercio sobrevive da economia informal.

Por conta dos decretos estaduais e municipais, pousadas, restaurantes e os centros culturais da Ilha de Paquetá estão fechados devido aos decretos estaduais e municipais. A medida atingiu diretamente quase 100% dos trabalhadores que sobrevivem do comércio na ilha.

“Aqui na ilha temos apenas um hospede em uma pousada. Ele é diretor do hospital, está morando na ilha para ajudar no combate à Covid-19. Os demais tipos de comércios foram atingidos. Apenas serviços essenciais funcionam”, explica Guto Pires.

Para amenizar a crise que atinge as famílias da ilha, a Associação de Moradores de Paquetá (Morena) lançou a campanha “Paquetá sem fome” e está contando com a ajuda de parceiros para distribuição de cestas básicas. A ajuda chegou a cerca de 500 famílias.