O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, admite o isolamento total no estado
 - Maurício Bazílio / Governo do estado
O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, admite o isolamento total no estado Maurício Bazílio / Governo do estado
Por Yuri Eiras

O número de casos do novo coronavírus no Rio de Janeiro pode ser 15 vezes maior do que o divulgado. A afirmação é do próprio secretário estadual de Saúde, Edmar Santos. Ele projeta que o estado tenha 140 mil doentes sem notificação - até ontem eram 9.453 confirmados e 854 óbitos. O líder da pasta também admitiu que o Rio viverá um colapso no sistema de saúde, nas próximas semanas, e a única solução é a radicalização no isolamento - o chamado 'lockdown', quando o comércio é completamente fechado e as ruas desocupadas.

A avaliação do secretário é de que seriam necessários 28 mil leitos para absorver todos os casos de internação, mas o Rio só poderá suprir 3,4 mil. Faltarão, inevitavelmente, 25 mil vagas. "A gente espera, entre três e quatro semanas, que o Rio de Janeiro e o Brasil vivam o mesmo colapso que Itália, Espanha e Estados Unidos. Eu vou ter uma necessidade de leitos impossível de suprir para qualquer estado do mundo. Essa conta não vai fechar. Não tem jeito", afirmou. 

Santos acredita que a única forma de evitar "uma tragédia ainda maior" é o 'lockdown', com comércio fechado e proibição de circulação nas ruas. Itália e Espanha adotaram a estratégia durante o pico de casos. "A única forma de a gente não ter uma curva ainda mais ascendente, uma tragédia ainda maior, seria radicalizar o isolamento. Evitaria danos piores para frente".

A secretaria afirmou que praticamente todos os leitos destinados à covid-19 no estado estão ocupados. A exceção, na capital, é o Hospital de Campanha Lagoa-Barra, onde há 42 internados (34 em UTI), de um total de 50 vagas disponíveis, inicialmente.

Em Volta Redonda, no Sul Fluminense, o Hospital Regional Zilda Arns tem taxa de ocupação de 86% na UTI e 85% na enfermaria - são 194 vagas ocupadas de 229 no total.

O próximo hospital de campanha do estado a ser inaugurado é no Estádio do Maracanã, com 400 leitos, 80 de UTI. A expectativa é que a unidade seja aberta nos primeiros dias de maio. Já a prefeitura inaugura, hoje, o hospital de campanha do Riocentro, com capacidade para 400 leitos, 100 de UTI.

 

Rede particular está perto de sua lotação
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Segundo a Secretaria estadual de Saúde, os hospitais públicos não dão conta da quantidade de doentes. Quase 700 pessoas aguardam uma vaga em leitos de enfermaria, para tratamento de covid-19. Outras 369 aguardam transferência para UTIs. A liberação de novas vagas depende das altas, óbitos ou mudança no quadro clínico do paciente.
A situação não é muito diferente na rede particular de Saúde. Nesses hospitais, as vagas para pacientes com coronavírus também estão diminuindo rapidamente. A Associação Nacional de Hospitais Privados (ANHP) avalia que o estado já atingiu 80% da taxa de ocupação de leitos nos hospitais particulares.
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Segundo a associação, o Rio de Janeiro conta com 14.940 leitos particulares. Até agora, aproximadamente 11.500 foram ocupados, e a tendência é que as vagas sejam todas preenchidas nas próximas semanas. Especialistas afirmam que uma das saídas para evitar o colapso no sistema público de Saúde é usar os leitos da rede particular, principalmente as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs): são 4.040 em todo o Rio.
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