Publicado 19/04/2020 10:00 | Atualizado 19/04/2020 12:27
RIO - A jornalista Flávia Lima, de 47 anos, moradora de Portugal, sente falta da aproximação com as pessoas. “O pior na pandemia é a falta de contato. Nasci no Rio de Janeiro, temos aquela coisa de beijar, abraçar”. Já a brasileira que mora em Israel, Thaís Santos Pompeu, 37, nutricionista, fica chateada porque não pode admirar o mar. “Vejo essa pandemia não como uma coisa ruim. Por um lado, é algo bom para a humanidade, porque o mundo estava muito acelerado e as pessoas não tinham tempo para nada”, contou Thaís.
Ana Flávia Carneiro, de 37, gerente de operações de um escritório de arquitetura em Manhattan, Nova York, tenta manter uma rotina. “Acordo cedo, tento trabalhar o dia todo, no meu escritório, graças a Deus, temos muita coisa para fazer. Uso meu tempo livre para ler, faço tricô, saio para andar de bicicleta.” Já a psicóloga Rafaela Pinto, 27 anos, está na Bélgica e diz que ficar longe da família é muito ruim. “Parece que a saudade aumenta, acompanhada do medo de que algo possa acontecer e eu não estarei perto para auxiliar”.
Enquanto a pandemia do coronavírus se expande no país, há vários brasileiros ao redor mundo que também vivem um clima de insegurança e apreensão. Diferentes países adotaram medidas fortes de restrição para combater o avanço do vírus. Para saber como algumas pessoas estão encarando a Covid-19, O Dia reuniu depoimentos da vida sob quarentena.
Thaís Santos Pompeu
Thaís Santos Pompeu
Moro em Israel Há 12 anos e meio. Aqui não foram muitos mortos, o governo está controlando o número de infectados. Israel é um país pequeno. Tem a mesma população do Rio de Janeiro. Estamos de quarentena, mas podemos sair para caminhar, correr, andar de bicicleta. A maioria das pessoas não sai. Há muitos policiais na rua e o Exército controlando todo mundo,mas está bem tranquilo. Podemos sair para ir ao supermercado e nas farmácias a 100 metros de casa. Não podemos ir para lugares público, como praias e parques. Mas, na sua área, ninguém fala nada com você. Os restaurantes funcionam em delivery e os hotéis estão fechados. Há dois deles que são usados para quarentena. Muitas pessoas doentes, que não têm sintomas graves, ficam hospedadas nesses hotéis pagos pelo governo.Álcool gel e máscaras têm em todos os lugares.A maioria das pessoas respeita o isolamento.Senão, é multado. Na primeira vez, no valor equivalente a R$ 700; na segunda, em R$ 7 mil.
Flavia Lima
Eu moro em Lisboa, Portugal, há um ano emeio. Estamos seguindo as recomendações do governo federal. Foi prorrogado o estado de emergência até o dia 2 de maio. Estou trabalhando em home office desde o dia 16. A suspensão das aulas foi a primeira medida tomada pelo governo nas universidades, escolas públicas e privadas. Os supermercados estão abertos em horário reduzido, com filas para entrar com limite no número de pessoas. Eu já fiquei 40 minutos numa fila de supermercado para entrar. Não encontro mais nos supermercados o álcool gel e nem o comum, máscaras e luvas. Tenho uma máscara que ganhei do trabalho e eu comprei duas caixas de luvas. Eu as uso para ir ao supermercado e manipular as coisas. Ao chegar em casa, descarto as luvas ecoloco toda a roupa para lavar. Estou usando uma única sapatilha que vai ser descartada quando tudo isso terminar. A maioria das pessoas está respeitando o isolamento.
Há um ano, moro na região da Flanders, na Bélgica. Estamos em isolamento, exceto para serviços essenciais, como o transporte público,lavanderias, supermercados e farmácias. O governo daqui compreende a seriedade da pandemia. A previsão do isolamento era até o dia 19 de abril, contudo, pelo aumento de casos,se estendeu até três de maio. Não está sendo fácil encontrar álcool em gel e máscaras. As farmácias estão abrindo, mas só só pode entrar uma pessoa por vez. O mesmo ocorre nos supermercados, continuam abrindo, porém, com restrição ao número de pessoas. Todos devem usar carrinhos para fazer suas compras, e eles são higienizados. Os caixas dos supermercados estão protegidos com placas de vidro, para preservar os funcionários. As pessoas com que meu converso, virtualmente, compreendem que as medidas são necessárias. Foram liberadas atividades físicas ao ar livre, desde que sejam feitas no máximo com duas pessoas.
Ana Flávia Carneiro
Estou nos Estados Unidos há oito anos. Estou praticando o isolamento social há um mês, mas o meu escritório continua ativo com os empregados trabalhando remotos de casa. É bom ter esta segurança, uma vez que tem mais de 16 milhões de desempregados no país atualmente. No início, as pessoas se desesperam muito, então foi difícil encontrar comida, máscaras. Depois que o governo garantiu que não faltariam suprimentos,acho que todo mundo ficou aliviado. Os supermercados estão abastecidos, com pequenas filas na porta, pois somente um número limitado de pessoas pode entrar. Tive que esperar 25 minutos da última vez que fui. Máscaras e álcool gel estão mais limitados. Em geral, as pessoas estão respeitando o isolamento. Podemos sair de casa para, além de fazer compras, praticar exercício se caminhadas desde que sozinhos ou não mais do que duas pessoas. Os parques ainda estão abertos e são geralmente os únicos lugares que têm problemas e pessoas aglomeradas.
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