Hospital de campanha de Nova Iguacu ainda está em fase de obras - Luciano Belford
Hospital de campanha de Nova Iguacu ainda está em fase de obrasLuciano Belford
Por André Arraes e Renan Schuindt

Quase sete pessoas perderam a vida, a cada hora, de terça-feira para ontem, devido à covid-19, no Estado do Rio. As 158 mortes divulgadas ontem pela Secretaria Estadual de Saúde somam, agora, um total de 3.237 óbitos. O número de novos casos confirmados aumentou em mais de 2,5 mil em 24 horas, chegando às 30.372 contaminações. As mortes por covid-19 apresentam um crescimento assustador, em períodos cada vez mais curtos.

O primeiro óbito provocado pela doença no Rio foi divulgado no dia 19 de março, e a marca das primeiras mil vítimas foi registrada em 3 de maio, num intervalo de 45 dias. A partir daí, a escalada tem sido tristemente veloz.

Do dia 4 deste mês até o dia 13, em 9 dias, portanto, houve mais mil mortes. Na terça- feira, dia 19, o estado ultrapassou a marca das 3 mil vítimas fatais, desta vez em um intervalo menor ainda, de apenas 5 dias.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio explica que o aumento da notificação diária de casos e óbitos está ocorrendo devido ao fato de a capacidade de testagem do Laboratório Central Noel Nutels (Lacen) e laboratórios parceiros ter dobrado, passando de 900 para até 1.800 amostras analisadas por dia.

Tendência de crescimento

Segundo a pesquisadora em Saúde do CESS/UFRJ Chrystina Barros, o panorama indica a continuidade do aumento no número de mortes. "A tendência ainda é de crescimento, não existe uma perspectiva concreta de quando as mortes irão reduzir. Alguns números dão conta que podemos chegar, a pelo menos, 150 mil mortes. Por isso é importante reforçar as medidas restritivas para que o sistema dê conta de atender as pessoas", afirma.

Chystina acrescenta que frear velocidade de disseminação é prioridade, porque quanto mais casos, mais mortes: "O aumento do número de casos traz o aumento dos óbitos, por causa direta da covid-19, pelas complicações, mas também por um aumento de óbitos domiciliares ou de pessoas que não conseguem assistência adequada".

 

'Faltam políticas de governo'
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A médica geriatra e psiquiatra Roberta França aponta a falta de políticas, principalmente no âmbito federal, e a falta de adesão da população à quarentena como determinantes para a situação atual.
"O governo federal não mostra o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Isso gera uma inconstância e uma polarização. As pessoas desqualificam a quarentena e, muitas vezes, escolhem, conscientemente, não fazer o dever de casa, saem e se aglomeram para atividades não essenciais. Com a irresponsabilidade social, os números alarmantes são produzidos. Neste momento, o isolamento social é a medida mais eficaz no combate à doença, e enquanto as pessoas não se conscientizarem, o problema vai continuar", afirma a especialista.
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Hospitais de campanha sem data para serem entregues
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O Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), organização social responsável por construir e gerir sete dos nove hospitais de campanha do estado para covid-19, tem até o dia 2 de junho para apresentar um novo cronograma de entrega das unidades, prometidas inicialmente para 30 de abril.
O prazo, que antes era de dez dias, foi estendido pela Justiça, sob a justificativa de que o desbloqueio de todos os leitos, de maneira imediata, poderia dificultar o tratamento de outras doenças na rede pública. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, a nova data será apresentada "em breve".
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O contrato firmado com a Iabas prevê investimento total para a construção dos sete hospitais de campanha de até R$ 770 milhões. Esse é o valor máximo do contrato, caso a prestação do serviço se estenda por seis meses.
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Em nota, a SES informou que a OS também deve prestar todos os serviços, como “utilização de helicóptero para remoção e transferência de pacientes, fornecer todos os respiradores e monitores, EPIs, contratar o número adequado de profissionais, além de oferecer sete tomógrafos, sendo um por unidade, computadores e outros itens”.
Segundo o Iabas, “até o último dia 15, foram repassados ao instituto pelo governo do estado R$ 256 milhões. Desse total, foram gastos R$ 146 milhões, divididos entre a construção dos hospitais e equipamentos, como respiradores; compra de medicamentos, insumos e EPI’s”. Já “os valores que ainda não foram gastos aguardam a negociação com fornecedores para compra de medicamentos e outros itens que estão acima dos preços de mercado ou indisponíveis para oferta”, informou.
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Leitos no município
A Prefeitura do Rio informou que já abriu 834 leitos exclusivos para o tratamento da covid-19, desde o início da pandemia. Deste total, 199 são leitos de UTI. Desde o dia 1º de maio, foram abertos 361 novos leitos dedicados à doença. O Hospital de Campanha da Prefeitura, no Riocentro, possui 148 leitos em funcionamento e tem, no momento, 145 pacientes internados. Deste total, 37 estão em leitos de UTI. Outros 352 leitos serão abertos.
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Ainda de acordo com a prefeitura, o hospital já recebeu os novos respiradores comprados na China e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está providenciando os recursos humanos necessários para colocar a unidade em funcionamento pleno já nos próximos dias.
A SMS afirma que não há leitos livres na rede e que “os leitos que aparecem como ‘livres’ na plataforma da regulação estão em unidades especializadas, como maternidades, psiquiátricas e pediátricas, e que não podem ser usados para covid-19, já que a rede continua atendendo pacientes com outras necessidades”.
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