Verônica Maria chora morte do filho Rodrigo Cerqueira, no IML, Centro do Rio. Estudante morreu durante operação policial no Morro da Providência na quinta-feira - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Verônica Maria chora morte do filho Rodrigo Cerqueira, no IML, Centro do Rio. Estudante morreu durante operação policial no Morro da Providência na quinta-feiraReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por Beatriz Perez
Rio - A Região Metropolitana do Rio registrou aumento de 7% no número de tiroteios com participação de agentes de segurança. A comparação foi feita entre a primeira quinzena de abril e a primeira quinzena de maio, período em que o estado está sob estado de emergência com medidas de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. As mortes nessas ações aumentaram 43,75% no período. O levantamento foi feito pela plataforma Fogo Cruzado a pedido do DIA
Na primeira quinzena de abril, o Fogo Cruzado registrou 239 tiroteios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em 83 destes, foi notificada a presença de agentes de segurança com 32 mortos e 45 feridos.
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Galeria de Fotos

Rodrigo Cerqueira cursava o segundo ano do Ensino Médio. Ele foi morto durante operação policial no Morro da Providência, Centro do Rio Reprodução
João Vitor faria 19 anos no próximo dia 6 Arquivo Pessoal
Iago César Gonzaga, de 21 anos Reprodução
João Pedro Pinto tinha 14 anos ao ser morto, na segunda-feira Arquivo Pessoal
Leandro Rodrigues da Matta, 40 anos, deixa mulher e dois filhos Reprodução/ TV Globo
Leia também: Alerj discute suspensão de operações policiais em comunidades durante isolamento social

Já na primeira quinzena de maio, a plataforma registrou 288 tiroteios tiroteios no Grande Rio. Em 89 destes, foi notificada a presença de agentes de segurança e foram registrados 46 mortos e 53 feridos.
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A primeira quinzena de maio apresentou, ainda, aumento de 21% no número de tiroteios em geral. As ações com agentes de segurança incluem operações, ações policiais de rotina (blitz, patrulhamento, entre outras), e casos de policiais fora de serviço assaltados, ou policiais que mesmo fora de serviços reagem a uma situação de crime.
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Tiroteios interrompem ações sociais durante pandemia
A plataforma registrou ainda que distribuições de cestas básicas foram interrompidas por oito vezes desde o início da quarentena (13/03) devido a tiroteios no Grande Rio. Em todas as situações havia presença de agentes de segurança. Ao todo, oito pessoas foram baleadas - destas, quatro morreram. Em todos estes casos de vítimas fatais, a polícia informou que tratavam-se de suspeitos e tiveram a versão contestada por familiares. 
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Leandro Rodrigues da Matta, de 40 anos - O corretor de imóveis Leandro Rodrigues da Matta, de 40 anos, foi morto em Cordovil, na Zona Norte, no último dia 28 de abril. Segundo parentes, ele voltava da entrega de uma cesta básica a um colega quando se deparou com policiais militares, que efetuaram disparos. A Polícia Civil investiga o crime.
João Vitor Gomes da Rocha, 18 anos -  João Vitor faria 19 anos no próximo dia 6 e morreu depois que foi baleado durante a operação, que aconteceu na localidade conhecida como Pantanal. Na ocasião, voluntários do Movimento Frente CDD distribuíam 200 cestas básicas para moradores da comunidade. A Polícia Civil disse que o jovem fazia parte de uma quadrilha especializada em sequestro-relâmpago. A mãe, no entanto, nega a versão.
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Rodrigo Cerqueira, de 19 anos - Rodrigo Cerqueira foi morto na tarde desta quinta-feira durante uma operação policial no Morro da Providência, Região Central do Rio. A mãe Verônica Maria disse que o filho nunca teve envolvimento com o crime. O professor Rodolfo Ferreira conta que Rodrigo era um dos primeiros a chegar à aula e, por problemas de visão, sentava-se sempre na primeira fileira para conseguir enxergar o quadro. A polícia disse que ele era suspeito e estava armado quando foi morto. 
Iago César Gonzaga, de 21 anos - Familiares denunciaram que Iago foi torturado e morto por policiais militares durante uma operação na comunidade de Acari, na Zona Norte do Rio, na segunda-feira (18). A tia do jovem contou em entrevista ao programa RJTV da TV Globo que militares teriam sufocado o rapaz com um plástico e sumido com o corpo após o crime.
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Comparação com período anterior à quarentena
Já em relatório sobre variação de tiroteios durante a quarentena e o período anterior ao isolamento, a Fogo Cruzado observa uma tendência de estabilidade na média de tiroteios com a presença de agentes de segurança em 2020. "Tivemos uma média de 5 ocorrências por dia no período que antecedeu a quarentena e 5 por dia nos dois primeiros meses de quarentena", diz a plataforma.