Rio de Janeiro 31/05/2020 - Protesto Vidas negras importam no RJ tem confusão e bombas após encerramento. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro 31/05/2020 - Protesto Vidas negras importam no RJ tem confusão e bombas após encerramento. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agência O Dia
Por Luana Benedito e Natasha Amaral
Rio - O ato 'Vidas negras importam', convocado pelas redes sociais contra a violência policial que jovens negros e periféricos sofrem nas favelas do Rio, foi realizado na tarde deste domingo, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, e teve confusão após sua dispersão. Com todos os ativistas usando máscaras e equipamentos de proteção individual, a manifestação começou às 15h e terminou oficialmente às 16h. Com a chegada de novos manifestantes e a permanência de outros, a polícia reagiu com bombas e balas de borracha.

Galeria de Fotos

Rio de Janeiro 31/05/2020 - Protesto 'Vidas negras importam' no RJ tem confusão e bombas após encerramento. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro 31/05/2020 - Protesto 'Vidas negras importam' no RJ tem confusão e bombas após encerramento. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro 31/05/2020 - Protesto 'Vidas negras importam' no RJ tem confusão e bombas após encerramento. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia Luciano Belford/Agência O Dia
Os manifestantes protestaram em frente ao Palácio Guanabara Luciano Belford
iProtesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Após dispersão polícia atuou com bombas de efeito moral e balas de borracha Luciano Belford
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Protesto 'Vidas negras importam' Luciano Belford/Agência O Dia
Publicidade
"Mais uma vez a polícia demonstra a que ela vem, ela vem pra reprimir, ela vem pra colocar mais uma vez o fuzil na cara de quem, nesse momento, está protestando ao próprio direito à vida. Os jovens que ali estavam, os movimentos que ali estavam, estavam lutando pelo direito à vida. Aí, vem a PM e comprova a quem ela serve, que não é a gente. Nem na favela e nem no asfalto vai servir a gente. Nunca vai vir pra proteger, sempre pra jogar bomba, ameaçar, sempre da mesma forma. Na favela ela vem pra matar, no asfalto ela vem pra reprimir", lamentou Gizele Martins, moradora da Maré e integrante do movimento de favelas do Rio.
De acordo com o ativista Rene Silva, do jornal comunitário Voz das Comunidades, o ato aconteceu de forma pacífica e só teve confusão após os organizadores informaremo encerramento. "O ato foi muito pacífico e muito importante, foi falado sobre a vida de vários jovens negros que morreram no decorrer desse ano e dos anos anteriores, principalmente jovens negros que morreram dentro das favelas aqui no Rio. Os organizadores chegaram falando que o ato estava encerrado e para todos voltarem pra casa, mantendo o isolamento social. Quando foi falado sobre o encerramento, muitas pessoas, ao invés de se dispersarem, continuaram marchando para outro lugar ali do bairro de Laranjeiras e aí teve essa confusão".
Publicidade
Favelas em Luta
Ainda segundo Gizele Martins, o ato foi organizado pelos coletivos que integram o movimento favelas em luta – que foi criado para discutir sobre segurança pública com comunicadores e moradores de diversas favelas do Rio. "Ontem resolvemos marcar esse ato por mais um assassinato ocasionado pela polícia – a morte do Matheus, de 23 anos, ontem em uma favela (Tijuca). Em menos de 24h, esse ato foi marcado com objetivo do basta ao genocídio, ao racismo, fazendo uma ponte com o movimento 'Black Lives Matter' (movimento ativista internacional que campanha contra a violência direcionada às pessoas negras), e também com o que ocorreu na semana passada nos EUA. Referenciando esse assassinato nos EUA e colocando também a nossa pauta como parte, já que a gente também sofre o mesmo tipo de militarização, de genocídio, de massacre, de falta de direitos nas nossas favelas".
Publicidade
Ato na frente do Palácio Guanabara
"Marcar o ato no Palácio (Guanabara) significa que a gente também protesta contra um governador que cada vez mais militariza as favelas com caveirão, snipers e helicópteros. Um governador que afirma que seu objetivo é mirar na cabecinha, que comemora cada assassinato. Então, o objetivo de ser lá traz esse simbolismo, da pauta também estatal, de uma pauta cada vez mais militarizada e que nós movimentos de favelas denunciamos e somos contra essa política militar e racista do governo atual e de outros governos que tiveram a mesma postura quando se refere ao termo favela", informou a ativista.
Publicidade
"Foi um ato curto, de uma hora, e logo começamos a publicar que nosso objetivo era trazer algo rápido para também não colocar as vidas negras em mais riscos. Nosso objetivo foi levar o recado, não deixar de protestar, mas tudo isso com muita responsabilidade também. Porque esses mesmos grupos fazem trabalhos hoje na favela em combate ao aumento do novo coronavírus nas favelas", finalizou.
Em nota, a Polícia Militar informou que "policiais do 2º BPM (Botafogo) e do RECOM (Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão) acompanharam uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O protesto estava transcorrendo de forma pacífica, mas na dispersão um grupo mais exaltado começou a arremessar pedras no Palácio Guanabara e nos policiais militares. Um manifestante conseguiu entrar no Palácio e danificou uma viatura. Naquele momento, houve necessidade de fazer o uso de instrumento de menor potencial ofensivo para conter os manifestantes. Na ação uma pessoa foi encaminhada para a Delegacia".