Publicado 06/05/2020 07:00 | Atualizado 06/05/2020 19:40
Com as academias fechadas por causa da pandemia, profissionais de educação físicas precisaram se reinventar para manter os clientes em forma. As aulas online passaram a fazer sucesso, e é por meio das lives que o professor Diego Viterbo, de Campo Grande, tem conseguido uma renda extra enquanto a rotina não volta ao normal.
Na falta dos modernos equipamentos, garrafas pet tornam-se pesos, vassouras e cadeiras servem de apoio para exercícios, tudo para manter a boa forma longe das praças e academias.
"A gente se reinventoutrabalhando com exercício funcional. Comecei a montar vídeos dentro de casa, instruindo os alunos, até para não ficar no sedentarismo. Mas como? Com garrafa pet, vassoura, cadeira...", explica Diego, que divulga seu trabalho no Youtube e no Instagram (contas @diegoviterboecia e @personaldiegoviterbo).
Além das aulas na Academia Marinho e trabalhos como personal, Diego ainda faz apresentações em eventos com as dançarinas Brenda e Fernanda. Mesmo com os trabalhos online, a crise afetou muito a sua renda.
"Com essa pandemia, todos nós sentimos um pouco. Nosso jeito de ganhar um dinheiro é o nosso bico como personal trainer. Diminuiu para todo mundo, não tem jeito. A primeira coisa que a pessoa tira, quando a situação financeira aperta, é o personal. Perdi quase 70% dos alunos", revela o professor.
Já Raphael Charles (Instagram @coach_rapha_charles), que também é profissional de educação física, não tem sentido tanto o impacto financeiro da pandemia. Com toda a proteção necessária, ele visita os clientes em casas ou condomínios de Campo Grande para ajudá-los a manter a forma. Desse jeito, a sua renda até aumentou.
"Estou atendendo alunos dentro de suas casas. Uso álcool em gel para esterilizar os equipamentos antes e depois e mantendo uma distância de cerca de dois metros. Com isso tudo, comecei a levantar um dinheiro maior do que ganhava na academia", conta Raphael, que atende cerca de 20 clientes, todos na Zona Oeste.
Ele até tentou se adaptar às aulas online, mas a concorrência e eficácia dos exercícios pesaram na decisão. "Uma das opções eram as aulas online, mas já tem muita gente trabalhando com isso e muitos alunos acabam não fazendo os exercícios. Aí decidi trabalhar com as aulas em casa, sempre com toda a proteção", completa o profissional.
Campanhas de doação
Saudades da rotina
Prejuízo e criatividade nas academias
Sem aulas e nem sequer previsão para voltar às atividades, as academias buscam formas de minimizar o prejuízo causado pela pandemia. A Marinho, de Campo Grande, tem investido em planos de aulas online, entretanto eles não são suficientes para derrotar a crise.
São três planos: um voltado a alunos da hidroginástica, um para fortalecimento muscular e outro para exercícios coletivos, como jump, spinning e zumba.
A maior baixa no período foi entre os alunos que pagam mensalidade. Poucos são os que mantiveram o pagamento com a crise. Para os alunos que assinaram planos de longa duração, a solução foi prorrogá-los pelo mesmo período de inatividade.
"Posso contar nos dedos os alunos que vieram pagar", disse Daniele, dona da academia.
O drama de muitos profissionais da educação física também é grande. Além da renda, no geral, ter diminuído, eles ainda precisam pagar a anuidade do Cref (Conselho Regional de Educação Física), no valor de R$ 361,90.
"O Conselho é irredutível. Eles só prorrogaram o prazo até agosto", explica Alexandre Alves, presidente da Associação dos Personal Trainers do Estado do Rio.
Em nota, o Conselho se posicionou: "O CREF1 (RJ e ES) não pode deixar de cobrar a anuidade porque é um tributo previsto nas Leis Federais 12.197 e 12.514 sob pena de ser considerado uma renúncia fiscal, o que podemos fazer, assim como os demais Conselhos, é adiar os pagamentos, o que fizemos desde o início da pandemia, visando auxiliar neste momento de crise pelo qual passamos".
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