A comerciante Janaína Azevedo com o filho Heitor no consultório da pediatra Jessica PinhaGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por ANA CARLA GOMES
Publicado 10/05/2020 09:00 | Atualizado 10/05/2020 09:41
Acostumadas a conciliar as delícias e os desafios da maternidade à paixão pela medicina, a obstetra Paula Joazeiro, de 35 anos, e a pediatra Jessica Pinha, de 39,vivem um dia a dia sem rotina, em que, a qualquer momento, um chamado de parto pode alterar toda a programação delas, inclusive em família. No dia 3 de abril, durante estes tempos difíceis de pandemia do novo coronavírus, lá estavam elas juntas, mais uma vez, participando do sonho da comerciante Janaína Azevedo, de 33 anos, de dar à luz o pequeno Heitor. Foi a vida deste bebê quem proporcionou o encontro dessas três mulheres que, neste domingo, comemoram o seu Dia das Mães relembrando essa história e compartilhando o amor pelos filhos.
Heitor era um sonho antigo de Janaína e do marido, o também comerciante Adélio Martins, de 43 anos. Ela vinha de um longo processo tentando engravidar, depois de fazer uma cirurgia de endometriose. O casal resolveu recorrer à fertilização, bem-sucedida. E, durante a pandemia, Heitor acabou nascendo prematuro, com 34 semanas, e precisou ficar 16 dias na UTI. Um período que exigiu de Janaína muita garra e força para cuidar do filho durante todo o dia no hospital, voltando para a casa à noite. Foi uma luta para ela dar início à amamentação até o filho, finalmente, ter alta.
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"Quando eu tive alta e ele ficou, era como se tivessem arrancado um pedaço de mim.Depois, eu chegava ao hospital pela manhã para ficar com ele na UTI e só ia embora ao fim do dia para tentar descansar. Mas a cabeça não saía de lá, só pensando em voltar no dia seguinte", conta Janaína.
Ela lembra que o apoio das médicas Paula e Jessica, com mensagens a todo instante, foi fundamental. Do lado de lá do telefone, além de duas profissionais, estavam duas mães, que se revezam entre a Medicina e os afazeres da casa. Paula é mãe de Letícia, de três anos. "A Janaína é uma mãe muito guerreira, conseguiu lidar com a situação de o Heitor estar na UTI. Fico muito feliz e realizada profissionalmente e também pessoalmente, porque nos apegamos às pacientes", conta Paula.
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Jessica, mãe de Alice, de 10 anos, e Mariana, de 9, diz que a pediatria cria um vínculo muito forte e de confiança com os pais. "A Janaína foi uma mãe que precisou vir mais vezes porque o Heitor nasceu prematuro. Então, precisou de uma atenção maior e a relação ficou mais estreita", conta, certa de que está na profissão certa. "Não me imagino fazendo outra coisa, é o que eu amo".
"A minha rotina é não ter rotina", Jessica Pinha, pediatra e mãe de Alice, de 10 anos, e Mariana, de 9  
A pediatra Jessica Pinha com as filha Alice e MarianaArquivo Pessoal
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"O meu dia a dia é uma loucura", Paula Joazeiro, obstetra e mãe de Letícia, de três anos
A obstetra Paula Joazeiro com a filha Letícia, de três anosArquivo Pessoal
"Tive dificuldade de engravidar e muitos torciam", Janaína Azevedo, comerciante
A comerciante Janaína Azevedo em casa, com o filho, Heitor, que nasceu prematuro, no dia 3 de abrilArquivo Pessoal
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"Depois que o Heitor conseguiu sair do respirador e ele teve alta da UTI, parecia que era outro parto. Eu me arrumei e fiquei naquela ansiedade para ir buscá-lo. Estar em casa com o meu filho é um prazer. Estar no hospital era algo muito pior do que não poder sair de casa. Apesar de o CTI ser um lugar muito limpo e a equipe ter todos os cuidados, todos os pais ali estavam se expondo ao risco. Graças a Deus, agora eu consigo amamentá-lo e ele está ganhando peso. Muitos amigos estão doidos para poderem vê-lo porque tive uma história difícil de engravidar e muita gente torcia pela gente".
*Janaína é mãe de Heitor, de um mês
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