Publicado 25/05/2020 21:29 | Atualizado 25/05/2020 22:30
Rio - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) pediu ao STF para acompanhar o depoimento do empresário Paulo Marinho no inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal. O empresário será ouvido pela PF nesta terça-feira (26) na superintendência do Rio.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marinho afirmou que um delegado teria se encontrado na porta da superintendência da PF com interlocutores do então deputado estadual e atual senador para informar que a operação seria atrasada, a fim de não prejudicar a família Bolsonaro em meio ao período eleitoral de 2018.
"Nesse contexto, inafastável o direito de Flávio Bolsonaro não apenas de acompanhar, como, especialmente, se fazer representar em tal ato por advogado indicado, na defesa da verdade material, gravemente ameaçada no presente caso, máxime ante as disposições do art. 5o, LV, da Constituição da República e do art. 7o, XXI, do Estatuto da Advocacia", escreveu o advogado Frederick Wassef.
A defesa requereu ainda que possa acompanhar outros depoimentos que sejam tomados no inquérito e que tenham relação com a narrativa de Marinho implicando o senador.
Operação Furna da Onça
A operação foi às ruas no dia 8 de novembro e cumpriu 19 mandados de prisão temporária, três de prisão preventiva e 47 de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e tendo como foco deputados da Assembleia Legislativa do Rio.
Flávio não era alvo, mas relatórios de inteligência financeira produzidos pelo antigo Coaf já apontavam desde janeiro daquele ano movimentações suspeitas nas contas de Fabrício Queiroz, seu suposto operador financeiro no esquema de "rachadinha".
Os relatórios tinham como escopo deputados e assessores da Alerj, e o caso específico de Flávio foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no início de dezembro, quando o procedimento investigativo já havia sido aberto pelo Ministério Público do Rio.
Segundo Marinho, os advogados Miguel Braga Grillo e Victor Granado Alves, que têm longo histórico de relação com a família Bolsonaro em gabinetes e processos judiciais, compareceram à sede da PF junto com outra interlocutora, Val Meliga, para ouvir o que o delegado tinha a dizer.
As denúncias de Marinho fizeram com que a Polícia Federal reabrisse um inquérito sobre supostos vazamentos da Furna da Onça. O Ministério Público Federal também anunciou que vai investigar o caso.
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