Secretaria Estadual de Saúde atuando no Galeão - Divulgação
Secretaria Estadual de Saúde atuando no GaleãoDivulgação
Por Gabriel Sobreira

Os 135 respiradores importados da China que estavam encaixotados no aeroporto Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, na Zona Norte do Rio, foram liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os equipamentos, que foram adquiridos pela OS Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), serão apresentados hoje e distribuídos entre os hospitais de campanha do Maracanã (55), de Nova Iguaçu (40), de São Gonçalo (30) e Nova Friburgo (10).

Até então, os aparelhos estavam no meio de um imbróglio, uma vez que a Anvisa tinha afirmado que os equipamentos retidos não eram respiradores, mas sim carrinhos de anestesia e que não serviam para tratar pacientes com covid-19.

Ao ser questionado sobre o tipo do equipamento adquirido, o Iabas informou que os carrinhos de anestesia (modelo AX400) "são equipamentos complexos e modernos que possuem muitos recursos, exercendo com total compatibilidade técnica a função de respiradores".

Ainda, de acordo com o instituto, é consenso internacional a utilização de carrinhos de anestesia como ventiladores e já vem sendo amplamente utilizado em vários países, como Estados Unidos e Inglaterra.

"Os carrinhos de modelo AX400 são exatamente os mesmos adquiridos por Nova York para atender as necessidades de combate à pandemia. Os citados respiradores foram adquiridos na China, da empresa Shenzhen Comen Medical, com aval da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro", explica o Iabas em nota reiterada pela Associação Médica Brasileira, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Anestesiologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

A Anvisa chegou a pedir a alteração na tipificação do matéria para prosseguir com a liberação das cargas. A alteração da informação no protocolo eletrônico solicitada foi realizada e o material liberado para envio dos mesmos para os hospitais de campanha.

Segundo o Iabas, foram foram adquiridos 500 respiradores da empresa Shenzhen Comen Medical e o calendário de entrega desses aparelhos vai até junho. Procuradas, a Secretaria de Estado de Saúde e a Anvisa ainda não se posicionaram.

Aparelho não é o mais indicado, diz especialista
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O uso de carrinhos de anestesia como respirador não é um consenso entre a classe médica. De acordo com Pedro Archer, cirurgião geral e emergencista, o carrinho possuiu sim as mesmas funcionalidades de um ventilador mecânico, contudo, ele não seria o mais indicado por duas principais razões.

"O tamanho e a dificuldade da logística. Vai ser bem difícil posicionar ele nos leitos, principalmente em hospitais de campanha", explica o médico, que é diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed/RJ). "E outro ponto, ele (carrinho de anestesia) é bem difícil de se operar, somente os médicos anestesistas têm a prática de operar esse equipamento. Nem médicos intensivistas, nem fisioterapeutas intensivistas possuem a prática para operar esse equipamento. E como a Organização Social e a Secretaria de Estado de Saúde já encontram dificuldades para contratação de profissionais, com certeza será ainda mais complicado ter recurso humano para operar o equipamento", avalia Archer.
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