Por RENAN SCHUINDT
Rio - Embora o Rio possa atingir o pico da pandemia de covid-19 ainda esta semana (segundo um estudo da UFRJ), o afrouxamento da quarentena já é uma realidade para muitos cariocas. Não à toa, o que mais chama atenção neste cenário, é o alto número de leitos que estão impedidos de funcionar. Segundo um levantamento feito com base nos dados da prefeitura, quase dois mil leitos, entre as redes municipal, estadual e federal, se encontram fechados, o equivalente a 28% do total de vagas. E não é só isso. Enquanto pacientes aguardam por transferências, outros 990 leitos aparecem como 'livres' no sistema.
Oitenta dias se passaram desde que o isolamento social foi determinado no Rio. Apesar do longo tempo, o período não foi suficiente para que os hospitais de campanha, prometidos pelo governo estadual, fossem entregues à população. Na opinião de especialistas, tendo em vista a curva de contágio, que continua subindo, as obras para o término dessas unidades deveriam ser paralisadas imediatamente.
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“Os gestores precisam entender que esse esforço não vale mais à pena. Agora, é preciso concentrar todas as forças para que os leitos que já existiam voltem a funcionar perfeitamente. Infelizmente, se perdeu tempo e dinheiro com iniciativas que não apresentaram qualquer resultado à população”, afirma o médico sanitarista da Fiocruz, Daniel Soranz.
A fala do especialista, faz todo o sentido. Basta comparar o número de leitos das unidades fixas com os números de leitos das unidades temporárias. No Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, o total de leitos é de 176. Desses, 108 se encontram impossibilitados de funcionar. Para se ter noção do que isso representa, no hospital de campanha do Riocentro, na mesma região, projetado para oferecer 500 leitos, 317 deles estão impedidos. O pior é que a unidade conta justamente com 108 pacientes internados. 
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Ainda segundo os dados, dos 7.068 leitos oferecidos pelas três esferas públicas na cidade do Rio, 1.998 deles se encontram impossibilitados. No Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte, referência para o tratamento da doença, são 381 leitos, no entanto, 113 deles estão impedidos de funcionar. Segundo Soranz, "por falta de insumos e recursos humanos". Já o Hospital Estadual Eduardo Rabelo, em Senador Vasconcelos, na Zona Oeste, é o que tem o menor índice de ocupação. Dos 133 leitos oferecidos, apenas 11 estão ocupados. O restante se encontra fora de operação. 
 
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Estado: 'UTIs têm 93% de ocupação'
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que há 1.429 novos leitos para tratamento da covid-19 no estado, sendo 567 UTIs e 705 enfermarias. Hoje, a taxa de ocupação seria de 72% em enfermaria e 93% em UTI. A secretaria disse que há 78 pacientes aguardam transferência para UTIs e 35 para enfermaria, que podem ser regulados para as diferentes redes - municipal, estadual ou federal.
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Sobre o Hospital Eduardo Rabelo, a pasta informou tratar-se de uma unidade de referência em geriatria. Segundo a SES, será lançado um novo cronograma para inauguração dos hospitais de campanha.
Também por meio de nota, a prefeitura disse que desde o início da pandemia "abriu 999 leitos exclusivos para o tratamento da doença", e que, desse total, "245 são leitos de UTI".
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