Ticyana, de muleta, participou da manifestação pacífica
 - Estefan Radovicz
Ticyana, de muleta, participou da manifestação pacífica Estefan Radovicz
Por O Dia
Rio - Dezenas de pessoas se reuniram, na tarde desta quarta-feira (3), para realizar um ato em solidariedade as agressões sofridas médica Ticyana D'Azambujja, no Grajaú, Zona Norte do Rio. A profissional de saúde foi covardemente espancada por cinco homens na tarde do último sábado (30) ao reclamar de uma festa realizada em uma casa na Rua Marechal Jofre, no mesmo bairro. 
O protesto se concentrou na Praça Edmundo Rêgo e seguiu pelo bairro, até a Rua Marechal Jofre, onde aconteceu a agressão. "É muito fácil, a gente seguir o caminho da barbárie, a gente ser mal e desejar o mal para quem fez mal para a gente. O difícil e a grandeza está em fazer o bem para quem nos fez o mal. Muitos vizinhos vieram me pediram pedir perdão, por terem presenciado a agressão. Eu aceito o perdão, mas nós não podemos nos calar", disse a médica. 
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Com cartazes com dizeres como "Você não está sozinha, Ticy" e "Juntas somos mais fortes", os moradores do Grajaú prestaram diversas homenagens à médica, que recebeu diversas flores no ato.

"Eles me derrubaram, mas vocês me reergueram. Nossa associação é forte, o bem é forte. A gente combate barbárie não é com barbárie, é com pedido de justiça. Isso não vai ser esquecido. Isso não vai se repetir nunca mais, com mais ninguém, nem eles merecem isso. Ninguém merece passar pelo que eu passei", afirmou Ticyana.
No fim da tarde, o protesto seguiu para a frente da casa, onde houve panelaço e gritos de 'fora'.

Entenda o caso
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Ticyana ficou gravemente machucada, com a mão e a perna direitas enfaixadas e várias manchas pelo corpo por causa das agressões. A médica disse que as agressões começaram quando ela quebrou o retrovisor e o para-brisa traseiro do carro de um dos frequentadores da festa para chamar a atenção deles.
O dono do carro, um Mini Cooper SPCMAN branco, foi identificado como o policial militar do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro, de 43 anos. A médica disse que o sargento participou das agressões contra ela.
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De acordo com levantamento feito pelo DIA, o veículo do PM é de 2014 e tem três multas não pagas, sendo duas delas por excesso de velocidade e outra pelo motorista dirigir usando o celular. O carro também está com pendências no seguro por Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT).
Questionada sobre o envolvimento do sargento do Choque nas agressões, a Polícia Militar disse ele está respondendo "pela sua conduta e por não pautar-se dentro dos princípios éticos da corporação" e que pode ser expulso da PM.
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"A apuração dos fatos iniciou na unidade de lotação do policial com a tomada de seu depoimento e seguirá a cargo da Corregedoria da Polícia Militar, que fornecerá a ele o direto constitucional de se defender. Neste caso, a punição pode resultar até em exclusão. A Corregedoria também está averiguando a conduta da equipe policial que fez o atendimento da ocorrência no Grajaú", acrescentou, sobre agentes do 6º BPM (Tijuca) que estiveram no local da festa duas vezes no sábado.