Marcelo Crivella, prefeito do Rio, manteve plano gradual de reabertura na cidade  - Estefan Radovicz
Marcelo Crivella, prefeito do Rio, manteve plano gradual de reabertura na cidade Estefan Radovicz
Por O Dia
Rio - Após uma reunião de seu comitê científico realizada na manhã deste domingo, a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu manter seu plano gradual de reabertura econômica e não seguir as recomendações decretadas pelo governo do estado na última sexta. O plano elaborado pelo governo Witzel prevê uma abertura mais ampla de estabelecimentos, como shoppings, pontos turísticos e restaurantes, que só serão autorizados a abrir as portas pela prefeitura em etapas posteriores de sua retomada.
A prefeitura alega que o número de óbitos no mês de maio foi alto, se comparado ao mesmo período do ano passado. "É preciso de mais um tempo para que as curvas diminuam". Com as medidas de isolamento e abertura gradual, Crivella acredita que haverá redução de contágio e óbitos e, com isso, os números vão se igualar à média do ano passado.
Publicidade
Crivella disse que as decisões da Prefeitura seguem análises científicas e que, a respeito ao momento mais seguro para a reabertura de alguns setores, há divergências com o estado. A prefeitura optou por um plano mais lento e que segue ciclos.

"No plano da Prefeitura do Rio, não há suposições ou amostras, são dados empíricos do dia a dia que acompanhamos desde março. Cresce o nosso otimismo, mas não compromete o limite da prudência, porque precisamos ter cuidado para evitar retroceder", disse o prefeito.

O Procurador Geral do Município, Marcelo Marques, afirmou que Ministério Público do Rio e a Defensoria Pública consideram o embasamento científico mencionado no decreto estadual insuficiente e pediram a suspensão do decreto estadual, até que o governo apresente dados científicos, segundo nota enviada pela prefeitura.

O governo do estado explicou neste sábado que seu plano é uma recomendação a ser avaliada localmente pelos municípios, e não uma imposição. Com a decisão da prefeitura, os estabelecimentos na cidade do Rio de Janeiro devem continuar a observar o cronograma municipal. A cidade iniciou na semana passada a primeira das seis fases da retomada econômica após o isolamento social. Cada etapa tem duração prevista de 15 dias, mas o avanço no cronograma dependerá da avaliação de critérios como número de mortes, taxa de transmissão e ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).

Crivella concedeu uma entrevista coletiva ao lado de secretários na tarde de hoje. O subsecretário de saúde e integrante do comitê científico da prefeitura, Jorge Darze, disse que o decreto estadual surpreendeu as autoridades municipais.

"A decisão do governador nos surpreendeu, porque não havia nenhum estudo anterior à assinatura desse decreto que pudesse dar sustentabilidade para que esse decreto pudesse ser apresentado. Daí a nossa manifestação no sentido de continuar no projeto da prefeitura", disse Darze.

A secretária de saúde, Beatriz Busch, defendeu o momento em que a prefeitura decidiu adotar a retomada. Segundo Beatriz, a cidade tem ocupação de 87% nos leitos de UTI, e de 51% nos de enfermaria. Além disso, há 34 pessoas em processo de transferência para ocupar parte dos 93 leitos de UTI disponíveis.

"É isso que nos dá neste momento a possibilidade de continuar esse planejamento", disse ela, que anunciou que, a partir do dia 18, o município iniciará a retomada de consultas, exames e cirurgias eletivas.

O prefeito do Rio de Janeiro apresentou números de sepultamentos na cidade em junho, e afirmou que o número de mortes neste mês vem aumentando em um ritmo menor que em maio. Crivella disse que a cidade costuma registrar cerca de 5,5 mil sepultamentos em média, e esse número chegou a 10,2 mil em maio, com 2.122 mortes por suspeita de covid, 1.903 mortes em que a doença foi confirmada e 1.356 mortes em que a causa mortis informada foi síndrome respiratória.

Em junho, a média de sepultamentos por dia na cidade estaria em 238 por dia até ontem, ritmo que, se for mantido, fará o Rio passar de 7 mil mortes no fim do mês, com 1,5 mil a mais que a média histórica de 5,5 mil sepultamentos, mas abaixo do que foi registrado em maio.

"As recomendações que o governo do estado nos fez serão atendidas dentro da ordem cronológica e dos parâmetros que foram estabelecidos antes", disse Crivella, que afirmou ter uma preocupação grande com a piora dos números, que levaria a retroceder o desconfinamento. "Uma abertura ampla, geral e irrestrita poderá nos levar a uma situação que não queremos ter de novo, que é aquela situação de maio, com 4,7 mil óbitos a mais".

O município do Rio de Janeiro chegou hoje a 4.462 mortes por coronavírus, e 36.115 casos confirmados, segundo o balanço da Secretaria Estadual de Saúde divulgado no fim da tarde de hoje. O balanço traz 61 mortes a mais na cidade do Rio de Janeiro, óbitos esses que não necessariamente ocorreram de ontem para hoje, já que, em muitos casos, o resultado que confirma a covid-19 fica pronto dias depois da morte do paciente.

Além da decisão de manter seu cronograma, a prefeitura anunciou hoje que receberá amanhã (8) um carregamento com 162 respiradores que chegarão em um voo da Latam, que pousará nesta madrugada no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim. O voo também trará monitores e equipamentos de proteção individual. Parte dos novos respiradores permitirá que a prefeitura ceda equipamentos a outros municípios fluminenses, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Mudança no Painel Covid-19
Publicidade
A secretária de saúde explicou o novo formato do painel. A partir de agora é possível ter acesso aos números de casos confirmados, recuperados e de óbitos por bairro e a a média dos últimos 15 dias. Outra novidade será a apresentação dos números da semana epidemiológica da doença.
Com informações da Agência Brasil